Jovem de 14 anos morreu e cinco pessoas ficaram feridas. Suspeito é cidadão da Síria, assim como o homem que o deteve. Ministro do Interior diz que agressor agiu por "motivação islamista".Um homem de 23 anos esfaqueou seis pessoas na cidade de Villach, no sul da Áustria, neste sábado (15/02), em um ataque que as autoridades descreveram como sendo de motivação islamista. O incidente deixou cinco feridos, três deles em estado grave, e um adolescente de 14 anos morreu.
O suspeito é um requerente de asilo sírio. Ele possui permissão de residência válida na Áustria e não tem antecedentes criminais.
Neste domingo, o ministro austríaco do Interior, Gerhard Karner, informou que as autoridades investigam o incidente como um ataque islamista associado ao grupo extremista "Estado Islâmico" (EI).
O agressor teria se radicalizado na internet em um curto período de tempo, acrescentou o ministro.
A polícia revistou o apartamento do jovem com cães farejadores e encontrou bandeiras do EI nas paredes. Não foram encontradas armas ou outros objetos perigosos.
O porta-voz da polícia, Rainer Dionisio, disse que ainda não estava claro se o suspeito agiu sozinho e continua procurando possíveis cúmplices.
A arma utilizada no ataque foi uma lâmina de dez centímetros de comprimento, informou a polícia. O Escritório da Caríntia para Segurança do Estado e Combate ao Extremismo conduz as investigações ao lado da polícia criminal.
Karner também agradeceu um entregador de comida que estava no local do incidente e avançou com seu automóvel em direção ao suspeito, o que facilitou sua captura.
O motorista que deteve o agressor é um homem de 42 anos também de nacionalidade síria. Ele relatou ao jornal Kleine Zeitung que durante a confusão, algumas pessoas no local inicialmente pensaram que ele era o agressor e atacaram seu carro.
"É claro que agora estou preocupado que as pessoas pensem mal de nós, por que nós não somos assim", disse o entregador sobre seus compatriotas sírios na Áustria.
A presença policial será ampliada nas ruas de Villach e em eventos nas próximas semanas.
Políticos criticam política de asilo
Peter Kaiser, governador do estado da Caríntia, disse que a "essa atrocidade deve ser enfrentada com consequências severas".
"Sempre deixei claro e de forma inequívoca: aqueles que vivem na Caríntia, na Áustria, devem respeitar a lei e se adaptar às nossas regras e valores."
Erwin Angerer, deputado da sigla de ultradireita Partido da Liberdade (FPÖ), criticou a "desastrosa política de asilo" do país.
O líder do FPÖ, Herbert Kickl, cujo partido venceu as eleições nacionais há quatro meses, pediu "uma rigorosa repressão ao asilo" após o ataque.
Ele disse ser crucial que seu partido controle o Ministério do Interior, responsável por políticas de asilo e migração, em qualquer governo futuro.
Na semana passada, as negociações para formar uma coalizão governamental na Áustria entraram em colapso pela segunda vez, quando o partido Kickl e o conservador Partido Popular não conseguiram chegar a um acordo justamente sobre quem comandaria o Ministério do Interior.
"Triagem em massa"
Karner, ministro do Interior, afirmou que o governo precisa fazer "uma triagem em massa" dos solicitantes de asilo, já que o suspeito não era um extremista notório. Ele não detalhou como isto será feito.
De acordo com o Ministério do Interior da Áustria, 24.941 estrangeiros solicitaram asilo no país em 2024. O maior grupo de solicitantes vem da Síria, seguido pelo Afeganistão.
Vários países europeus, incluindo a Áustria, suspenderam as decisões sobre pedidos de asilo de cidadãos sírios devido à situação política incerta no país após a queda de Bashar al-Assad.
Ataques se repetem na Áustria
Esse é o segundo ataque do tipo na Áustria nos últimos anos. Em novembro de 2020, um homem que já havia tentado se juntar ao grupo Estado Islâmico realizou um tumulto em Viena, armado com um rifle automático e um colete explosivo falso, matando quatro pessoas, antes de ser baleado pela polícia.
Em agosto passado, as autoridades frustraram um ataque aos shows da cantora Taylor Swift, em Viena, que também havia sido inspirado pelo grupo Estado Islâmico. A Comunidade Religiosa Islâmica na Áustria expressou seus sentimentos às vítimas e suas famílias em uma declaração neste domingo e disse que está "totalmente comprometida com a coexistência pacífica e respeitosa".
O presidente da Comunidade Religiosa Islâmica, Ümit Vural, acrescentou que o ataque "não tem nada em comum com os verdadeiros valores de nossa fé".
rc/gq (AFP, DPA, AP)