A violência aumentou “de forma preocupante” no Afeganistão, após a assinatura do acordo entre os Estados Unidos e os talibãs no final de fevereiro – informou a ONU nesta segunda-feira (27), apesar de uma forte redução no número de vítimas civis no primeiro trimestre de 2020 durante um trégua parcial.

Ao menos 533 civis foram mortos, e outros 760 ficaram feridos, de acordo com a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) em seu relatório trimestral. É uma redução de 29% em relação ao mesmo período de 2019 e “o número mais baixo desde o primeiro trimestre de 2012”.

Os Estados Unidos e os talibãs assinaram um acordo histórico em Doha, em 29 de fevereiro passado, sobre a retirada de tropas estrangeiras do território afegão em troca de garantias de segurança para insurgentes do grupo.

Ainda não ratificado por Cabul, o pacto levou a uma trégua de nove dias, encerrada pelos talibãs em março. Desde então, eles continuam a cercar as forças de segurança do governo afegão. Dezenas de soldados e policiais foram mortos nas últimas semanas.

Neste contexto, a UNAMA denuncia “um preocupante aumento da violência durante o mês de março, em uma época em que se esperava que o governo afegão e os talibãs iniciassem negociações de paz e buscassem meios de neutralizar o conflito”.

Em um comunicado, o grupo “rejeitou” o relatório da ONU, acusando a organização de, “mais uma vez, ocultar crimes” cometidos pelas forças americanas e afegãs.