As tropas israelenses travavam neste domingo (12) duros enfrentamentos contra os combatentes do Hamas perto do maior hospital de Gaza, onde milhares de civis estão presos e os feridos carecem dos cuidados necessários pela falta de mantimentos, o que obrigou outro centro hospitalar a fechar.

O hospital Al Shifa na Cidade de Gaza está no meio da ofensiva terrestre israelense contra o movimento islamista. O edifício foi alvo de disparos e ataques, um dos quais destruiu, segundo o Hamas, o departamento de cardiologia.

O Exército israelense nega que os hospitais estejam entre seus alvos e acusa o Hamas de utilizá-los como centros de comando ou esconderijos, algo que o grupo islamista nega.

Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, depois do sangrento ataque cometido em 7 de outubro pelo movimento islamista em seu território, que deixou em torno de 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades. Cerca de 240 pessoas foram sequestradas e levadas para Gaza, segundo a mesma fonte.

Desde então, Israel bombardeia o pequeno território palestino e, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, mais de 11.000 pessoas morreram até agora nos ataques, também civis em sua maioria e muitas crianças.

Além disso, Israel mantém o território sob “cerco total”, o que impede o abastecimento de água, comida e combustível.

A falta de combustível deixou fora de serviço outro hospital na Cidade de Gaza, o de Al Quds, segundo o Crescente Vermelho palestino.

“O hospital teve que se valer por si só sob os bombardeios contínuos de Israel, o que representa grandes riscos para o pessoal médico, os pacientes e os civis deslocados”, denunciou a organização.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assegurou que estava avaliando um possível acordo para a libertação dos reféns mantidos em Gaza.

“Quanto menos eu me manifesto sobre o assunto, mais aumento as chances de isso se concretizar”, disse o premiê durante entrevista à emissora americana NBC.

– Ninguém pode ‘entrar ou sair’ de Al Shifa –

Testemunhas no interior do hospital Al Shifa declararam neste domingo por telefone à AFP que ocorreram “violentos combates” perto do hospital durante toda a noite.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) indicou que dois bebês prematuros morreram porque suas incubadoras deixaram de funcionar diante da falta de eletricidade. Os médicos do hospital também informaram a morte de um homem depois que seu auxílio mecânico à respiração deixou de funcionar.

O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, prometeu ajuda para remover os bebês para “um hospital mais seguro”.

O Exército indicou que uma “passagem segura” seria aberta para permitir a evacuação dos civis de Al Shifa rumo ao sul.

O responsável pelos hospitais na Faixa de Gaza alertou que a situação em Al Shifa era “catastrófica” e enfatizou que ninguém podia “entrar ou sair dali”.

Também advertiu que havia pacientes “sem atendimento médico” nas ruas da Faixa devido às “evacuações forçadas” de dois hospitais pediátricos.

Segundo o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA, na sigla em inglês), 20 dos 36 hospitais de Gaza estão “fora de serviço” diante da falta de mantimentos.

A ajuda humanitária quase não chegou a este território de 362 km², onde vivem 2,4 milhões de pessoas. Israel afirma que manterá o bloqueio até que os reféns sejam libertados.

Enquanto os combates continuam, cerca de 800 pessoas com passaporte estrangeiro ou dupla nacionalidade foram evacuados neste domingo de Gaza para o Egito, segundo um funcionário de segurança egípcio.

A emissora AlQahera News, próxima do serviço de inteligência egípcio, indicou que “sete palestinos feridos” também atravessaram a passagem de Rafah, a única que não é controlada por Israel e que permaneceu fechada na sexta e no sábado.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, 32 brasileiros e familiares estão no grupo que deixou Gaza rumo ao Egito neste domingo e devem desembarcar em Brasília na noite de segunda-feira.

“Grupo de 32 brasileiros e familiares já se encontra em território egípcio, onde foi recebido por equipe da embaixada do Brasil no Cairo, responsável pela etapa final da operação de repatriação”, escreveu o Itamaraty em seu perfil na rede social X, o antigo Twitter.

– Êxodo para o sul –

Cerca de 1,6 milhão de palestinos foram forçados a abandonar suas residências desde o início da guerra, segundo a ONU.

Os novos deslocados que fogem dos combates no norte da Faixa já não encontram lugares onde se refugiar e alguns se veem obrigados a dormir nas ruas, constataram jornalistas da AFP.

Uma dúzia de casas foi destruída em outro ataque em Bani Suheila, deixando pelo menos quatro mortos e 30 feridos.

A guerra gerou comoção em todo o mundo pelos israelenses mortos e sequestrados, bem como marchas pró-palestinos para denunciar a situação em Gaza e pedir um cessar-fogo.

Por outro lado, a comunidade internacional teme que o conflito se espalhe para outros países da região.

Aviões israelenses atacaram neste domingo “infraestruturas terroristas” na Síria, após disparos vindos deste território contra a região das Colinas de Golã.

No norte, na fronteira com o Líbano, também acontecem trocas de disparos diárias com o movimento islamista Hezbollah, aliado do Hamas.

Diversos civis ficaram feridos em Israel por um míssil antitanque que caiu perto da localidade de Dovev, a 800 metros da fronteira com o Líbano. Ninguém reivindicou o ataque de imediato.

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