Quem procurar a palavra “auê” em um dicionário, vai encontrar diversos significados, como tumulto, farra, confusão e até barulho causado por uma bagunça. Nas mãos da companhia Barca dos Corações Partidos, no entanto, o termo se amplia e ganha diversidade. É o que se pode conferir a partir desta sexta-feira, 18, com a estreia de Auê, no teatro Faap, depois de uma longa e bem-sucedida temporada no Rio de Janeiro.

Em cena, o grupo apresenta 21 canções inéditas, todas autorais, o que torna o espetáculo uma mistura de teatro, dança, performances e música. E, como habitualmente acontece na ópera e em muitos musicais, a encenação utiliza as letras das canções como dramaturgia. Daí a necessidade de os oito atores (Adren Alves, Alfredo Del Penho, Beto Lemos, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Renato Luciano, Ricca Barros e Rick de la Torre) tocarem seus instrumentos ao vivo.

“As canções são altamente teatrais e a companhia já tem uma ligação muito forte, uma identidade”, conta Duda Maia, diretora do espetáculo. “O desafio foi potencializar este encontro e integrar os instrumentos ao que acontece em cena. Brincamos ao falar que eles ‘vestem’ os instrumentos. Não é simplesmente pegar o instrumento e tocar, não é um show. A ideia é que tudo aconteça de forma natural, integrada à cena.”

Duda, que foi diretora de movimento de outro espetáculo da companhia, o gracioso e premiado Gonzagão – A Lenda, aponta também para a importância do intenso trabalho corporal (“não se deve confundir com força ou vigor”) do grupo.

Ônibus

Fruto de criação coletiva, as canções foram aperfeiçoadas durante as várias excursões do grupo e apresentadas em locais inusitados, como ônibus, vans e camarins de teatros de diversas cidades. Aos poucos, ao perceber a riqueza artística do material autoral, o elenco iniciou o trabalho de formatação do espetáculo – durante seis meses, eles selecionaram algumas músicas, compuseram outras até delinear o perfil considerado ideal. Durante o processo, contaram com a colaboração do cantor e compositor Moyseis Marques, que trabalhou com o grupo na montagem de Ópera do Malandro, e também da atriz Laila Garin, que esteve presente em Gonzagão e que se consagrou como protagonista de Elis – A Musical.

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“A musicalidade da peça é uma grande homenagem à cultura musical brasileira, os ritmos dialogam com dança e teatro o tempo todo”, comenta Duda, lembrando que, ao longo do espetáculo, os atores promovem um verdadeiro passeio rítmico, passando por samba de roda, baião, rock, valsa, ijexá, maracatu e coco.

Apesar de se apresentar como um trabalho coletivo, Auê não promove a anulação das individualidades, o que fica evidente com a capacidade de cada integrante valorizar os detalhes das canções. Um resultado positivo observado em outro espetáculo que esteve em cartaz em São Paulo, Gilberto Gil, Aquele Abraço – O Musical, em que, de fato, a união faz a força.

AUÊ

Teatro Faap

Rua Alagoas, 903. Tel.: 3662-7233. 6ª e sáb., 21h. Dom., 18h.

R$ 50 / R$ 70. Até 18/12

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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