Uma das histórias de amor platônico mais famosas do mundo da moda: no início dos anos 1950, o estilista Hubert de Givenchy negou-se a vestir Audrey Hepburn. Mas, depois de um jantar, a magérrima atriz conquistou o criador para toda a vida.

“Quando Audrey veio me pedir para fazer seus vestidos para o filme ‘Sabrina’, não sabia quem ela era e jamais havia ouvido falar de Audrey Hepburn”, recordou o estilista francês no final 2016, no vernissage da exposição “To Audrey with love” em Haia (Holanda), consagrada às suas criações para a atriz.

“Ela chegou graciosa, jovem, iluminada”, vestida ‘como uma jovem da atualidade’, de calça de algodão, bailarinas e uma camiseta revelando o ombro, um chapéu de gondolismo veneziano na mão.

“Eu não estava inspirado a fazer um guarda-roupa importante para ‘Sabrina’ e disse não, senhorita, não posso vesti-la”, contou o estilista, que dizia que não ter “pequenas mãos” suficientes, referindo-se às costureiras dos grandes ateliers.

Dada essa recusa, Audrey Hepburn o convidou a jantar, “o que era surpreendente para uma jovem bem educada”. No final da refeição, Givenchy, encantado, propôs que ela voltasse no dia seguinte à maison de couture.

“Ela me persuadiu e, como fui sábio eu de aceitar”. No cinema, ao lado de Humphrey Bogart em 1954, Audrey Hepburn usou um vestido marfim bordado de flores e alinhado com preto, assinado Givenchy.

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Depois, ela pediu que o francês a vestisse em seus filmes contemporâneos e, no mesmo ano, vestiu um delicado marfim floral quando recebeu um Oscar.

“O estilo de Audrey chegou com uma silhueta tão diferente, tão moderna”, disse aquele que criou para sua musa o tailleur em crepe de lã usado em “Charada” (1963), o vestido de noite misturando veludo, tule e lantejoulas de “A Herdeira” (1979) e especialmente o famoso vestido preto cravejado com pérolas de “Bonequinha de Luxo” (1961).

Em um momento do filme “Como roubar um milhão de dólares” (1966), Audrey precisou se disfarçar com os trajes de uma faxineira, o que levou o personagem de Peter O’Toole ironicamente comentar: “Isso dá a Givenchy uma noite de folga”.

Tanto na amizade como na moda, os dois artistas caminhavam em perfeita harmonia, entendendo “o que ela amava, o que ela poderia usar”.

“As roupas de Givenchy são as únicas nas quais eu me sinto eu mesma. Mais do que um estilista, ele é um criador de personalidade”, disse a atriz, sobre o amigo Hubert que esteve em seu leito na Suíça ao final de sua vida.

Ele recebeu de suas mãos um casaco azul marinha: “Quando estiver infeliz, use-o e isso lhe dará coragem”.


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