Uma auditoria interna da Fundação Palmares concluiu que o presidente da instituição, Sergio Camargo, afastou servidores sem motivação, e também apontou indícios de ingerência administrativa no desligamento de empregados terceirizados. As informações são da coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha.

A auditoria foi realizada por determinação da 21ª Vara do Trabalho de Brasília, após o afastamento de Camargo de atividades relacionadas à gestão de pessoas da fundação, em outubro de 2021.

Três servidores do órgão que ocupavam cargos de confiança foram exonerados entre 2020 e 2021 com a justificativa de que os afastamentos haviam sido “a pedido”, de acordo com publicação no Diário Oficial.

Porém, a auditoria apurou que os supostos pedidos não foram apresentados pela gestão, e que quando se trata de dispensas com um motivo específico, cabe ao gestor responsável pelos atos a comprovação de “existência e veracidade dos motivos enunciados”.

O relatório também cita situações de ingerência administrativa “no desligamento de empregados vinculados a empresas contratadas”, como a dispensa de terceirizados por “inadequação curricular”, “desempenho insatisfatório dos empregados dispensados” ou de “desconfiança, de descontentamento quanto à postura adotada na prestação de serviço”.

Ainda segundo a coluna, depoimentos colhidos pelo Ministério Público do Trabalho que embasaram a decisão judicial apontam que Camargo teria promovido uma caça aos funcionários de esquerda da instituição, com objetivo de demiti-los ou impedir que seus contratos de trabalho fossem renovados.

A auditoria recomendou que as portarias de exoneração sejam revistas, no caso dos servidores que ocupavam cargos comissionados, e que a conduta adotada no caso dos funcionários terceirizados não se repita, com a interrupção de qualquer ato que se caracterize como ingerência indevida.

A Fundação Palmares disse em nota que “as nomeações serão retificadas pela Divisão de Pessoal e encaminhadas ao Ministério do Turismo”, pasta à qual o órgão é vinculado.