Operários dos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2022 estão trabalhando em excesso. Foi isso que apontou uma auditoria realizada no Catar, que levantou preocupações sobre o excesso de horas de trabalho dos funcionários, na maioria imigrantes, e o longo período sem folgas.

De acordo com a auditoria realizada pela Impactt, empresa contratada para monitorar as obras, o período de trabalho previsto para os operários semanalmente foi excedido em 72 horas em oito companhias de construção. O relatório mostrou ainda que os funcionários estão há até cinco meses sem sequer uma folga.

Os números, no entanto, podem ser ainda piores. Isso porque a Impactt teve acesso a somente 19 das 208 companhias de construção que estão trabalhando no Catar, sendo que, dessas, 12 mostraram não ter um sistema confiável para monitorar as horas de trabalho. Foram 679 entrevistas com funcionários.

A Impactt considerou que tratam-se de irregularidades “críticas” das práticas esperadas e que é necessária “atenção urgente” para lidar com os contratos destas empresas. A própria auditoria, no entanto, viu um “novo espírito” no Catar para adotar mudanças trabalhistas.

O tratamento aos trabalhadores estrangeiros no Catar vinha sendo duramente criticado pela comunidade internacional. Uma das principais polêmicas envolvendo o país diz respeito a mortes de operários imigrantes na construção de estádios da Copa do Mundo e um sistema que praticamente escraviza os funcionários de fora do país.

Em meio a estas críticas, o Catar anunciou mudanças no seu sistema trabalhista e, inclusive, chegou a ser elogiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano passado, quando o órgão anunciou que não investigaria as obras dos estádios para a Copa de 2022.