Áudio mostra Malafaia dizendo que Tarcísio atuou no STF a favor de Bolsonaro

Tarcísio de Freitas
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP

Um áudio interceptado pela Polícia Federal nas conversas entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Silas Malafaia mostra o pastor dizendo que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), atuou junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para evitar críticas diretas a integrantes da Corte.

Em outro trecho das trocas de mensagens, o religioso diz que Bolsonaro acionou o governador para que conversassem com o ministro Gilmar Mendes, do STF. Além disso, criticou o ex-chefe do Executivo por chamar o filho Eduardo Bolsonaro de “imaturo” após um troca de farpas entre o deputado federal e o republicano.

“Você poderia até defender o Tarcísio, porque foi você quem mandou Tarcísio na embaixada [dos Estados Unidos] e procurar o Gilmar [Mendes, ministro do STF]. Agora, você queimar seu garoto? Aí não. Vai me desculpar. E olha que eu bato, eu mando mensagem para o Eduardo batendo nele. Isso é um erro estratégico, de alto grau”, expõe o relatório da PF.

Decisão de Moraes

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), corrobora com a tese da PF de que Malafaia seria um dos principais articuladores do plano para coagir ministros da Suprema Corte. O processo investiga a ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos para articular sanções contra o Poder Judiciário. O parlamentar conseguiu costurar a aplicação da lei Magnitsky contra Moraes.

Silas Malafaia prestou depoimento por cerca de duas horas na sede da PF no aeroporto. Na saída, o pastor criticou efusivamente a operação, disse ser amigo de Bolsonaro e afirmou não ser “bandido” para ter o passaporte apreendido.

Além do mandado de busca e apreensão, Malafaia teve o passaporte e o celular pessoal apreendido. Ele também está proibido de se comunicar com Bolsonaro e com os demais réus nos inquéritos que tratam da trama golpista seja diretamente ou por meio de terceiros. Moraes ainda determinou a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do pastor.

O indiciamento dos Bolsonaro

ex-presidente e seu filho foram indiciados em um inquérito que apura a atuação de ambos para obstruir a Justiça na investigação de uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, pela qual Jair é réu no STF e pode ser condenado a até 43 anos de prisão. Ambos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

O inquérito investiga a ida de Eduardo para os Estados Unidos, em março de 2025, com o objetivo declarado de articular reações da Casa Branca à atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos contra o pai na corte.

Desde que o deputado licenciado está em solo americano, o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros enviados ao país, revogou vistos de Moraes e aliados e enquadrou o magistrado na Lei Magnitsky. O ex-presidente entrou no processo após financiar a ida do filho para o exterior.