Uma abordagem policial contra jovens no Rio de Janeiro resultou em um pedido de desculpas do Itamaraty nesta sexta-feira (5), após a revelação de que três dos menores eram filhos dos embaixadores de Gabão, Canadá e Burkina Faso.

O incidente ocorreu por volta das 19h de ontem, no bairro de Ipanema. Um vídeo gravado por câmeras de segurança mostra o momento em que uma patrulha para em frente a um prédio e dois policiais descem rapidamente do carro em direção a um grupo de jovens, apontando suas armas.

Três dos menores eram negros, e um, branco. Pelo menos dois deles foram colocados contra a parede de um prédio com os braços abertos, e revistados. Depois de alguns minutos, os policiais foram embora. As imagens foram reproduzidas pela imprensa e nas redes sociais.

Julie-Pascale Moudouté, mulher do embaixador do Gabão no Brasil e mãe de um dos jovens, lamentou o incidente. “Como é que você vai apontar armas para a cabeça de meninos de 13 anos?”, questionou, em entrevista à TV Globo. “A gente confia na Justiça brasileira e a gente quer justiça, só isso”.

A mãe do jovem branco denunciou nas redes sociais o que chamou de abordagem “racial e criminosa” dos policiais. “Três dos quatro adolescentes são NEGROS! Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados”, publicou Rhaiana Rondon.

Os adolescentes, que moram em Brasília e passam férias no Rio, foram “abordados abruptamente por policiais militares, armados com fuzis e pistolas”, ressaltou Rhaiana. “Pensei em diversas situações, mas, JAMAIS, que a POLÍCIA seria a maior das ameaças. É traumático, triste, doloroso. Estão assustados e machucados, com marcas que nem o tempo vai apagar”.

Funcionários do Itamaraty receberam hoje os embaixadores de Gabão e Burkina Faso em Brasília e lhes apresentaram um pedido formal de desculpas, segundo um comunicado. “O Ministério das Relações Exteriores acionará o governo do Rio de Janeiro, solicitando uma apuração rigorosa e a responsabilização adequada dos policiais envolvidos na abordagem”.

A Polícia Militar informou que os homens envolvidos na ação “portavam câmeras corporais e as imagens serão analisadas para constatar se houve excesso por parte dos agentes”.

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