A atriz Marcella Maia, que fará a próxima novela das sete da TV Globo, deu uma entrevista à coluna de Patrícia Kogut no jornal O Globo, e disse que sofre muito por ser uma mulher transexual.

“Ninguém sabia que eu era uma mulher trans. Acho que é uma coisa íntima. Não saio perguntando o que as pessoas têm no meio das pernas. Tenho que provar que sou suficiente sem dizer que sou trans. Mas, há cinco anos, saí do armário. Falei publicamente pela primeira vez. Hoje em dia falo com orgulho”, contou.

E completou: “Por muito tempo tive vergonha de ser uma mulher trans. É uma construção até você se aceitar, pois a sociedade não aceita, não dá emprego. Quando a gente está em um lugar confortável, se aceitar é muito fácil. Vi que era necessário falar da minha história para outras mulheres trans que saíram da periferia e não têm referência na TV e em filmes. A única que eu tinha era a Roberta Close. Eu não fui educada para ser mulher. Aprendi sozinha.”

A artista ainda disse que, quando era mais jovem, foi convidada para trabalhar como hostess em bares de Londres. Ao chegar lá, foi obrigada a se prostituir: “Lá, pegaram meu passaporte. Passei três meses nisso. Ficava numa vitrine que nem carne, era obrigada a me prostituir. Como não falava inglês, não conseguia nem ir à delegacia. Dói muito só de lembrar. Um dia, me acordaram com água fria na cara, 3h da manhã, e falaram: ‘Seu voo está saindo para Brasília. Você vai entrar no avião e não vai falar nada. Porque, se ficar com ficha na polícia, não vai entrar aqui por cinco anos’. Voltei só com a roupa do corpo”, concluiu.