Apesar de sua reconhecida cultura e da importância que teve na conscientização de seu marido, o então príncipe d. Pedro, na proclamação da Independência do País, a imperatriz Maria Leopoldina (1797-1826), da Áustria, era tratada na corte brasileira simplesmente como “a estrangeira”.

“Era uma mulher obrigada a viver uma solidão em um país completamente diferente do seu e com um marido que levou a amante para morar no palácio”, conta Luiz Fernando Carvalho que, para marcar a distinção dessa personagem, decidiu buscar uma atriz que não fosse brasileira – depois de semanas de pesquisa, ao lado do preparador de elenco Nelson Fonseca, vasculhando perfis de artistas europeias, ele elegeu a inglesa Louisa Sexton para viver a imperatriz que tinha paixão por mineralogia, além de admirar autores como Voltaire, Rousseau e Goethe.

“Logo que descobriu os primeiros detalhes sobre Leopoldina, Louisa começou a estudar tudo sobre ela”, conta Carvalho, lembrando que a atriz britânica cursou a escola de artes apoiada por Paul McCartney, em Liverpool.

Filha de uma família ligada às artes, Louisa Sexton atua desde criança e já participou de curtas e séries, além de uma rápida participação no longa Harry Potter e a Pedra Filosofal, de 2001.

Segundo Carvalho, a atriz se prepara a partir de biografias e livros que trazem a correspondência de d. Leopoldina, como Cartas de uma Imperatriz, lançado pela Estação Liberdade e com extenso material da monarca.

“Outra fonte importante são os escritos deixados por Maria Graham, que conviveu com Leopoldina”, explica ele, referindo-se à viúva de um militar britânico que, vivendo na corte no início da década de 1820, foi escolhida pela imperatriz para ser a governanta de seus filhos, notadamente de Maria da Gloria, primogênita do imperador brasileiro e que chegou a ser rainha de Portugal, em 1833.

“Maria Graham manteve uma preciosa correspondência com Leopoldina, que lhe confidenciou suas agruras no Brasil”, diz Carvalho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.