Atriz criada por IA provoca críticas em Hollywood

A criadora de uma atriz desenvolvida por inteligência artificial (IA), que causou furor na internet no fim de semana, respondeu às duras críticas da comunidade de entretenimento afirmando que se trata de uma obra de arte.

Tilly Norwood, uma jovem de pele clara e cabelo castanho criada artificialmente e que se descreve no Instagram como uma atriz em ascensão, chamou a atenção de diversos agentes comerciais, disse sua criadora, Eline Van der Velden, em um painel da indústria na Suíça.

Van der Velden afirmou que estúdios e outras companhias do entretenimento abraçam discretamente a IA, e que sua empresa, Particle6, acredita que pode reduzir significativamente os custos de produção.

“Quando lançamos Tilly, as pessoas perguntavam ‘O que é isso?’, e agora vamos anunciar qual agência irá representá-la nos próximos meses”, contou Van der Velden, segundo a publicação Deadline.

Norwood, gerada por IA, já apareceu em uma cena curta. Em julho, Van der Velden disse à Broadcast International que a Particle6 tem grandes ambições para sua criação.

“Queremos que Tilly seja a próxima Scarlett Johansson ou Natalie Portman, esse é o nosso objetivo”, declarou. “As pessoas percebem que sua criatividade não deve ser limitada por um orçamento, e é por isso que a IA pode ser positiva.”

A IA é um assunto sensível para Hollywood, e seu uso por parte dos estúdios foi um dos pontos cruciais nas negociações com atores e roteiristas marcadas pelas greves que paralisaram o setor em 2023.

Melissa Barrera (“Pânico”) disse que os artistas deveriam boicotar o agente que promover a atriz artificial. “Espero que todos os atores representados pelo agente que fizer isso o mandem para o inferno. Que nojo”, escreveu no Instagram.

Para Mara Wilson (“Matilda”), estas criações tiram empregos das pessoas. “E as centenas de mulheres de cujos rostos foi retirado material para criá-la? Não podiam contratar nenhuma delas?”, questionou nas redes sociais.

Em uma extensa publicação no Instagram de Norwood, Van der Velden disse que seu personagem não é “um substituto para um ser humano, mas sim um trabalho criativo, uma peça de arte”.

“Como muitas formas de arte anteriores a ela, ela gera conversas, e isso por si só mostra o poder da criatividade.”

O uso da IA tornou-se mais visível no setor criativo recentemente, gerando cada vez mais controvérsia.

A banda virtual “The Velvet Sundown” superou um milhão de ouvintes no Spotify neste verão (do hemisfério norte). Em agosto, a revista Vogue publicou um anúncio com uma modelo gerada por IA.

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