Os atos golpistas do 8 de janeiro, que ocorreram em Brasília (DF), completam um ano nesta segunda-feira. Ao todo, as ações dos manifestantes geraram um prejuízo que totalizou mais de R$ 23 milhões, de acordo com os próprios órgãos governamentais afetados. A maior destruição ocorreu no Supremo Tribunal Federal, que teve um gasto de R$ 12 milhões na reparação dos danos materiais.

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Apesar do plenário da corte ter sofrido a maior parte dos atos de vandalismo, que acabaram por afetar patrimônios históricos brasileiros como o busto de Ruy Barbosa e um tapete que pertencia à Princesa Isabel, os insurgentes não se restringiram ao local e depredaram os prédios do executivo e do legislativo. Segundo a CPI dos atos golpistas, os manifestantes se organizaram em linhas de ataque no momento em que invadiram o Congresso Nacional.

Congresso Nacional

Dentro da estrutura, os insurgentes rasgaram telas e danificaram itens do Museu do Senado, além de roubar objetos em exposição, como uma bola assinada por Neymar Jr, e iniciar um incêndio. Também foram vandalizados quadros, vidraças e paredes nas ações, totalizando um prejuízo de R$ 3,5 milhões no Senado Federal e R$ 3,556 milhões na Câmara dos Deputados, além da destruição de itens cujo valor histórico é imensurável.

Palácio do Planalto

De acordo com a CPI dos atos golpistas, por volta das 15h20 do dia 8 de janeiro, os manifestantes quebraram grades de isolamento e invadiram o Palácio do Planalto, quebrando os vidros da fachada da estrutura. Os manifestantes rasgaram fotografias e esfaquearam o quadro “As Mulatas”, do artista Di Cavalcanti, que foi produzido em 1962 e era avaliado em R$ 8 milhões. Armas também foram furtadas da casa do poder executivo.

No percurso para o gabinete presidencial, um relógio datado do século XVIII, dado de presente pela corte francesa à Dom João VI de Portugal, foi destruído. O objeto foi enviado à Suíça para passar por um processo de restauração. Informações sobre o valor total do reparo não foram divulgadas, mas de acordo com a CNN Brasil, o governo do país europeu irá arcar com os custos.

Além disso, medalhas e condecorações foram roubadas, cortinas arrancadas, paredes pichadas e peças de mármore quebradas, fora a depredação de móveis e manchas de fogo no piso. Os prejuízos materiais sofridos pelo Palácio do Planalto foram estimados em R$ 4,3 milhões.

Supremo Tribunal Federal

No Supremo Tribunal Federal, manifestantes picharam a Estátua da Justiça com a frase “perdeu, mané”, em uma referência à resposta dada pelo ministro Luís Roberto Barroso, quando questionado por um bolsonarista que tinha o abordado em Nova York, pedindo para que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse invalidado. A responsável pela vandalização do monumento foi uma das pessoas presas em operação da Polícia Federal.

Na estrutura que é designada ao poder judiciário e que foi o principal alvo dos atos golpistas, manifestantes atiraram tinta na fachada do prédio e danificaram vidraças. Dentro do edifício, um cano foi furado pelos insurgentes e a entrada do local ficou alagada. Segundo a Agência Brasil, 951 itens foram furtados, quebrados ou completamente destruídos no que totalizou um gasto de reposição equivalente a R$ 8,6 milhões.

Carpetes tiveram de ser trocados, além de cortinas e outros itens de mobília. Poltronas foram arrancadas e a cadeira do ministro Alexandre de Moraes foi retirada do prédio e manifestantes se sentaram no móvel, chegando vídeos de toda a vandalização e debochar da situação com frases irônicas. Quatro telas do fotógrafo Sebastião Salgado tiveram de ser substituídas.

Em contato com a IstoÉ, o STF afirmou que 106 itens de valor imensurável foram perdidos, outras nove cadeiras, três espelhos e 15 itens que variam de vasos a mobiliários ainda não tiveram a restauração concluída. Ao total, 116 objetos foram recuperados e o prejuízo é estimado em R$ 12 milhões, valor que será cobrado solidariamente de golpistas eventualmente condenados pelos atos de 8 de janeiro.