Atos contra anistia e PEC da Blindagem reúnem multidões pelo país

Imagem de drone mostra um protesto em São Paulo contra a 'PEC da Blindagem', aprovada nesta semana, e contra o PL da Anistia para golpistas, que será votado na próxima semana
Protesto em São Paulo contra a PEC da Blindagem Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Manifestações em defesa da democracia, com críticas à proposta de anistia a participantes de atos golpistas e ao plano de blindar parlamentares contra processos judiciais, reuniram milhares de pessoas em diversas cidades do país neste domingo, 21.

Ao todo, 33 cidades tiveram atos, incluindo todas as capitais. As manifestações contaram com a participação de movimentos sociais, partidos políticos e artistas, com apresentações de nomes de destaque da música brasileira.

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Sob forte sol e temperaturas elevadas, manifestantes se concentraram na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, com gritos de “Bolsonaro preso” e “sem anistia” antes de shows com artistas da MPB. Organizadores haviam confirmado a presença de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, Paulinho da Viola, Ivan Lins e Lenine, entre outros.

“Quem comete crime tem que pagar pelo que fez. Não dá mais para passar pano para as coisas erradas no nosso país”, disse um manifestante que se identificou como Sérgio Santos durante o ato no Rio.

Atos contra anistia e PEC da Blindagem reúnem multidões pelo país

Imagem de drone mostra multidão na Praia de Copacabana. Foto: Pilar Olivares/Reuters

O ato em Brasília teve concentração no Museu da República, na região central da capital, e seguiu com uma caminhada até o Congresso Nacional.

Em São Paulo, os manifestantes se reuniram na Avenida Paulista e acompanharam discursos contra as propostas em discussão no Congresso, além de apresentações musicais.

“Estou torcendo para a manifestação de hoje superar a manifestação da direita, para poder pressionar o Congresso”, disse Renato Fonseca, publicitário de 63 anos que vestia uma camiseta com os dizeres “1964 nunca mais” no protesto em São Paulo, em referência ao ano do golpe militar no Brasil.

“Estivemos quase perto de um golpe agora. Eu era muito novo em 1964, mas nunca imaginaria estar tão perto de uma nova ditadura”, acrescentou, fazendo referência à tentativa de golpe pela qual o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Os protestos também contaram com presenças confirmadas de Daniela Mercury em Salvador, Fernanda Takai em Belo Horizonte, Simone em Maceió e Silva em Vitória.

Registros em redes sociais ainda mostraram grupos menores de manifestantes em atos fora do país, em cidades como Londres, Lisboa e Paris.

Organizações e movimentos sociais realizam manifestações contra o projeto de Anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem, que busca dar ao congresso a prerrogativa de autorizar abertura de processos contra parlamentares.

Organizações e movimentos sociais realizam atos contra o projeto de Anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem, que busca dar ao congresso a prerrogativa de autorizar abertura de processos contra parlamentares. 21/09/2025

O que é a PEC da Blindagem

Os atos foram convocados depois que deputados aprovaram na semana passada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria obstáculos para a abertura de processos criminais contra parlamentares, exigindo autorização da Câmara ou do Senado para que o STF processe parlamentares.

O texto, que ainda passará por análise no Senado, levantou críticas e ficou conhecido como “PEC da Blindagem”. Parlamentares favoráveis à medida, no entanto, referem-se a ela como “PEC das Prerrogativas”.

Em outra frente, a Câmara também aprovou na semana passada um requerimento para tramitação em regime de urgência do chamado projeto da anistia, proposta defendida pela oposição de olho no perdão ao ex-presidente Bolsonaro.

Na quinta-feira, o relator da proposta, deputado Paulinho da Força (SD-SP), descartou uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, como defendem parlamentares bolsonaristas, e disse que buscará um meio termo para o texto da matéria.

Scarlett Angelotti, uma professora de 62 anos, vestiu uma camisa da seleção brasileira de futebol, frequentemente usada por grupos de direita como símbolo de nacionalismo, e se juntou ao protesto em São Paulo para expressar sua oposição às propostas.

“O Brasil é dos brasileiros, vim defender a democracia, me posicionar contra o extremismo, dizer não a blindagem e a anistia para golpistas”, disse ela.