O ator Luiz Bertazzo celebra um momento marcante em sua carreira ao interpretar Schneider no filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles. No filme, sua personagem marca a quebra mais importante da família Paiva: a prisão do ex-deputado Rubens Paiva pelos agentes da ditadura.
“Sem dúvidas, foi a realização de um sonho estar em cena com Fernanda Torres e Selton Mello, sendo dirigido pelo Walter”, contou Bertazzo. Ele relembra ainda o momento em que ouviu do diretor que sua atuação foi “capaz de mudar a temperatura do set”.
Fernanda Torres, que interpreta a protagonista Eunice Paiva, destacou o trabalho de Bertazzo durante uma coletiva de imprensa na Mostra SP.
“Os agentes da ditadura não são tratados como brutos e burros; pelo contrário, eles eram extremamente gentis na casa. E você vê no Bertazzo, da maneira como ele fez, que é um cara sofisticado. Você não está lidando com uma brutalidade burra”, disse.
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O ator lembra que, para conquistar o papel, precisou passar por testes quase um ano antes das filmagens, e que escolheu explorar o contraste entre a gentileza e a violência, inspirado pelo livro de Marcelo Rubens Paiva.
“Fui por esse caminho durante o teste, e acho que isso foi um acerto grande, pois acredito que a violência gráfica ou exagerada costuma afastar o espectador, quase como se transformasse a ditadura e seus agentes em um clichê ficcional, longe da realidade. Quanto mais próxima a violência está da gente, mais sutil ela pode ser. A direção de Walter Salles para essa personagem era justamente a de mostrar o quanto esses agentes poderiam ser nossos vizinhos ou se assemelharem a alguém da nossa própria família. Isso aumenta a sensação de perigo”, refletiu.
No último domingo, 5, Fernanda Torres foi consagrada vencedora na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro, sendo a primeira brasileira a levar o prêmio para casa. Luiz, que está gravando uma série, estava no hotel quando Rodrigo Teixeira fez uma chamada no grupo do elenco para vibrarem com Fernanda, Selton Mello e Walter Salles na mesa da premiação, mesmo que de longe.
“Quando veio o anúncio da Fernanda eu chorei inesperadamente. Achei que eu ia vibrar, gritar, mas eu caí no choro. Foi lindo, a emoção de ver o Brasil ali, o filme naquele palco, é um momento que nunca vou esquecer. Acho que a Fernanda merece todos os prêmios que for indicada. O filme já faz parte da história do cinema no Brasil, e me enche de orgulho ter feito parte dessa história. O filme deu uma alta auto estima coletiva, encheu a gente de orgulho, não só pra quem trabalhou nele, mas o Brasil inteiro se sentiu ali, de alguma forma representado. O país segue assombrado por esse fantasma da ditadura. Esse filme é importante para que a gente nunca esqueça dessas atrocidades”, relatou.
Bertazzo ganhou destaque também na série “Betinho: No Fio da Navalha”, integrou elenco do longa “Baby”, onde vive um traficante do mundo LGBT+, e na série “Cidade de Deus – A Luta Não Para”, onde dá vida ao chefe de redação de Buscapé.