Morreu nesta quarta-feira (11), aos 84 anos, o ator e diretor Paulo José, no Rio de Janeiro, em decorrência de uma pneumonia. Ele estava internado há 20 dias, e já convivia com o Mal de Parkinson desde 1993, tendo virado um ícone da luta contra a doença.

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Um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira, Paulo José Gómez de Souza nasceu em Lavras do Sul, interior do Rio Grande do Sul, em 20 de março de 1937.

O ator teve seu primeiro contato com o teatro ainda na escola, iniciando a carreira no teatro amador anos mais tarde, em Porto Alegre. No início dos anos 60, Paulo José foi morar em São Paulo e começou a trabalhar no Teatro de Arena, onde exerceu diferentes funções. A primeira peça em que trabalhou como ator foi ‘Testamento de um Cangaceiro’, de Chico de Assis, em 1961.

Estreou na Globo como ator na novela ‘Véu de Noiva’, de Janete Clair, em 1969. Seu primeiro grande personagem foi o mecânico-inventor Shazan, que formava uma dupla bem humorada com Xerife, personagem de Flávio Migliaccio, na novela ‘O Primeiro Amor’ (1972), de Walther Negrão. A dobradinha fez tanto sucesso que deu origem ao seriado ‘Shazan, Xerife e Cia.’, escrito, dirigido e interpretado por Paulo e Flávio entre 1972 e 1974. Outros personagens marcantes foram o comerciante cigano Jairo em ‘Explode Coração’ (1995), de Gloria Perez, e o alcóolatra Orestes de ‘Por Amor’ (1997), de Manoel Carlos.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, atuou em mais de 20 novelas e minisséries, entre elas, ‘Roda de Fogo’ (1986), de Lauro César Muniz; ‘Vida Nova’ (1988), de Benedito Ruy Barbosa; ‘Tieta’ (1989), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares; ‘Araponga’ (1990), de Dias Gomes, Ferreira Gullar e Lauro César Muniz; ‘Vamp’ (1991), de Antonio Calmon; ‘O Mapa da Minha’ (1993), de Cassiano Gabus Mendes; ‘Agora é Que São Elas’ (2003), de Ricardo Linhares, escrita a partir de uma ideia original do próprio Paulo José; ‘Senhora do Destino’ (2004), de Aguinaldo Silva; ‘Um Só Coração’ (2004) e ‘JK’ (2006), minisséries de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira; ‘Caminho das Índias’ (2009), de Gloria Perez; e ‘Morde & Assopra’ (2011), de Walcyr Carrasco.

Como diretor, participou de alguns episódios de ‘Casos Especiais’ na década de 1980, e das minisséries ‘Agosto’ (1993), adaptação de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil do romance de Rubem Fonseca; ‘Memorial de Maria Moura’ (1994), adaptação de Jorge Furtado e Carlos Gerbase da obra de Rachel de Queiroz; e ‘Incidente em Antares’ (1994), adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto do livro homônimo de Erico Veríssimo. Ele também fez parte da equipe que implementou o programa ‘Você Decide’.

No cinema, Paulo José também fez história ao participar de filmes importantes como “Todas as Mulheres do Mundo” (1966), de Domingos de Oliveira, “O Padre e a Moça” (1966) e “Macunaíma” (1969), ambos de Joaquim Pedro de Andrade, “Saneamento Básico” (2007), de Jorge Furtado, e de “O Palhaço” (2011), de Selton Mello, entre dezenas de outras produções.

Paulo também emprestou sua voz para a narração de diversos filmes, entre eles o curta-metragem mais celebrado do cinema brasileiro, “Ilha das Flores” (1989), de Jorge Furtado.

Na TV, sua última aparição aconteceu em 2014, como o vovô Benjamin na novela “Em Família”, de Manoel Carlos. Ele interpretava o pai de Virgílio (Humberto Martins) e, como na vida real, seu personagem sofria de Mal de Parkinson.

Paulo José deixa esposa e quatro filhos, todos atores: Ana, Bel e Clara Kutner, de seu relacionamento com a atriz Dina Sfat, além de Paulo Henrique Caruso.