Em cartaz atualmente como “Pumba” no palco do grandioso “O Rei Leão”, da Disney, o carioca Diego Luri tem motivos de sobra para comemorar os rumos que sua carreira artística tomou na última década. De jornalista formado a protagonista de musicais de sucesso da Broadway no Brasil, ele traz em sua trajetória um leque de experiências diversas que lhe permitiram se tornar o artista versátil que é, indo de programas jornalísticos a livros infantis, e passando por grandes espetáculos musicais internacionais.

Quem vê Diego ao lado de Lucas Cândido (intérprete de Timão), encantando o público ao som da clássica canção “Hakuna Matata” não imagina o trabalho físico para dar vida ao simpático Javali – personagem que já trouxe muitos aprendizados para o ator.

“Existem muitos desafios em viver o Pumba. O primeiro deles é dar vida a um personagem tão icônico, que todo mundo conhece tão bem e tem um carinho enorme com essa memória. Isso assusta inclusive porque não devemos ser uma cópia exata do que é a animação. Na minha segunda fase de testes como Pumba eu levei uma voz do que eu senti ser o mais próximo do desenho ou do que eu tinha de referência disso”, conta o ator.

“A banca disse que, também pela minha potência vocal, podia soar agressivo. Pediram pra eu criar uma voz com mais ar, mais redonda. Algo que soasse mais confortável, acolhedor, fofo. Experimentei algumas coisas naquela hora, em alguns segundos e os diretores falaram: ‘Isso! Siga nessa direção, vá pra casa, experimente com calma e traga depois’”, completa.

Foi a partir desse feedback que o ator já soube que seria aprovado para a próxima fase de audições para o personagem na nova superprodução em cartaz no Teatro Renault produzida internacionalmente pela Disney Theatrical Productions – e encenada pela segunda vez no Brasil, dado o sucesso da temporada 2013-2014, em São Paulo. O ator começou a voltar para os testes, junto a diferentes artistas que disputavam o papel de Timão, até receber o tão aguardado “sim”.

“O Pumba pra mim foi uma grata surpresa. Nunca foi um personagem dos sonhos e eu nunca tive nenhuma expectativa ou pretensão de um dia fazer. Inclusive na véspera da minha primeira audição eu liguei agradecendo e dizendo que não iria mais. O produtor de elenco me ligou, insistiu pra que eu fosse e eu fui”, afirma.

“Na metade do processo, no entanto, eu percebi que eles estavam realmente me considerando. Nas finais eu já percebia que eles tinham gostado de mim de verdade. Fui o único Pumba da final a fazer cena com todos os Timões. Isso deveria significar alguma coisa. Por fim, a notícia veio leve. Fiquei muito feliz, embora sem ter a real noção do que seriam as dores e delícias de viver o Pumba nos palcos”, conclui o artista.

Desafios da grandiosidade do espetáculo

Por trás da beleza de “O Rei Leão” existe uma verdadeira maratona de processos e profissionais que se dividem no palco e fora dele para que tudo ocorra perfeitamente. Há outro fator que traz mais complexidade ao trabalho dos artistas: a caracterização dos personagens. A direção criativa de Julie Taymor incorporou diversas referências para construir algo diferente da animação, mas que permitisse ao público ver os artistas por trás dos recursos de caracterização – recursos esses que demandam um esforço considerável do elenco para manter tudo no lugar certo.

“O figurino é bem pesado e toda vez que saio de cena tem um banco especial me esperando, acolchoado, onde se lê “Pumba”. Junto a ele, um apoio para ajudar a sustentar o peso do boneco, que pesa para trás, enquanto estou sentado aguardando a próxima cena. Eles fazem de tudo para tornar a função mais confortável. Especialmente a Cris, a camareira que trabalha comigo. Se não fosse ela do meu lado o tempo todo, nem sei o que seria de mim”, detalha.

Mas a jornada vivida nos últimos 10 anos, até chegar ao posto do javali mais famoso, passou por diversos marcos pessoais, como viver personagens grandiosos como Shrek, igualmente desafiador a Pumba, já que seu figurino pesava mais de 20 kg e a caracterização levava três horas para ficar pronta.

Estrelar a montagem brasileira do sucesso da Dreamworks o apresentou para o teatro musical ao final de 2012, em uma oportunidade que lhe rendeu ainda a indicação de Ator Revelação no Prêmio Bibi Ferreira 2013, além de abrir caminhos para uma série de outros papéis marcantes e que o conduziram até o momento atual.

Dos Populares aos Clássicos

Depois de seu sucesso como o ogro rabugento e engraçado, Luri participou de várias produções brasileiras, incluindo “Os Saltimbancos Trapalhões – O Musical” com Renato Aragão e Dedé Santana, “Mudança de Hábito – O Musical” com Karin Hils, “Os Romantikos”, “Romeu e Julieta – Ao Som de Marisa Monte” com Ícaro Silva, “Cinderella – O Musical da Broadway” e “Summer, Donna Summer – O Musical”, dirigido por Miguel Falabella.

Ele também abrilhantou clássicos como “My Fair Lady” e “O Fantasma da Ópera” ao lado dos cantores líricos de fama internacional, Paulo Szot e Thiago Arancam, respectivamente. Mais recentemente, desempenhou com sucesso o papel de Rodrigo Lombardi em “Sweeney Todd – O Cruel Barbeiro da Rua Fleet” e interpretou diversos personagens em “Anastasia – O Musical”, incluindo o general Gleb Vaganov, explorando camadas de vilania.

“Eu poderia dizer que Sweeney Todd também me marcou muito, porque, depois de diversos pequenos papéis, me deu novamente a chance de protagonismo e em um espetáculo em que eu realmente acreditava artisticamente”, revela ele, que agora em um Coadjuvante de peso, pode ser visto em “O Rei Leão”, no Teatro Renault, em São Paulo, até 2024.