Ator de ‘Dias Perfeitos’, Giovanni Venturini celebra espaço para artistas com nanismo

Em entrevista à IstoÉ Gente, artista comenta sobre perfil omisso de seu personagem na série Original Globoplay

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Giovanni Venturini Foto: Reprodução/Instagram

Raphael Montes é considerado expert do suspense brasileiro. Autor dos livros “Uma Família Feliz” e “Bom Dia, Verônica”, obras que já ganharam adaptações de sucesso, o escritor recentemente viu mais uma de suas obras ganhar espaço na televisão dos brasileiros. “Dias Perfeitos”, série Original Globoplay, estreou em agosto deste ano e foi amplamente aclamada entre os espectadores, que aplaudiram o final alternativo “menos macabro” e a construção de certos personagens. 

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O thriller psicológico de oito episódios acompanha a história da aspirante a roteirista Clarice (Julia Dalavia) e do estudante de medicina Téo (Jaffar Bambirra), que ao ficar obcecado pela jovem, decide sequestrá-la e violentá-la de diferentes formas. Nesse contexto, Miguel (Giovanni Venturini) surge como uma possível salvação para a moça: administrador do hotel em que os dois ficam hospedados, ele logo fica desconfiado do comportamento do rapaz, e se vê em um dilema sobre denunciar ou não o caso à polícia.

Ator de 'Dias Perfeitos', Giovanni Venturini celebra espaço para artistas com nanismo

Clarice (Julia Dalavia) e Téo (Jaffar Bambirra) – Divulgação

À IstoÉ Gente, Giovanni Venturini, ator famoso por estrelar produções como “Justiça 2” e “Big Bang”, da Globoplay, questiona a falta de atitude do seu personagem na trama em não intervir no caso apesar de suas dúvidas acerca do “relacionamento” entre o casal.

“Acho que é um reflexo de uma sociedade onde a gente ouve sempre que em briga de marido e mulher não se mete a colher, ou de que não se pode se intrometer sem ter as reais conclusões.”

“Tem sempre essa dúvida, de não saber como que é a relação de verdade, de ir na frente do público demonstrar uma coisa e no íntimo do quarto não saber o que acontece de fato”, continua. “A desconfiança sempre houve ali, mas acho que talvez ele nunca teve essa certeza de que realmente e não quis envolver a polícia para não causar um constrangimento desnecessário se ele estivesse errado. Talvez o medo de não ter essa certeza impediu ele de tomar um passo a mais.”

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Giovanni também comenta sobre a escolha da autora da produção, Claudia Jouvin, em mudar o final de “Dias Perfeitos”. Nas três versões do livro, ou a Clarice morre ou acaba nunca recuperando a memória, vivendo uma vida aparentemente normal e amorosa ao lado de Téo. Para o seriado, a roteirista decidiu fazer diferente e dar à moça um desfecho mais otimista, com ela se vingando do seu abusador e conseguindo sua tão esperada liberdade. 

“Se ele só se desse bem, seria muito impactante. O modo como a gente termina com ela reconstruindo a vida e vendo que é possível ser feliz novamente, enquanto ele fica sofrendo, dá uma esperança também de um lugar melhor”, afirma.

Representatividade e visibilidade

Ao longo de 16 anos trabalhando com projetos no cinema, teatro e televisão, Venturini é dono de uma carreira de sucesso, mas, apesar de reconhecer a importância de todos os seus papeis, ele confessa que “Dias Perfeitos” lhe trouxe um maior destaque. “A grande questão aqui é o público sendo atingido, o grande público sendo atingido. Uma produção da Globoplay com tamanha visibilidade me projeta para mais pessoas me conhecerem. O Miguel traz uma evidência para mim, que talvez até então eu não tinha tido em produtos tão grandes assim.”

“[A série] Contribui muito para um novo modo do público ver personagens com deficiência, em geral, personagens com nanismo, fugindo desses estereótipos que a gente está acostumado a ver ao longo da história do audiovisual. São novas formas de construir outras imagens e possibilidades para atores com nanismo serem vistos de outras formas, saindo do cômico.”

“É muito importante ter essa representatividade não só na frente das telas, mas também atrás. Com a participação de construção desses personagens de uma forma mais digna”, complementa.

*Estagiária sob supervisão