Manifestação em memória do êxodo palestino após criação do Estado de Israel e contra ataques israelenses na Faixa de Gaza teve confronto com a polícia. Políticos condenaram brutalidade.Manifestantes e policiais ficaram feridos durante confrontos violentos em uma manifestação pró-palestinos em Berlim nesta quinta-feira (15/05) que marcou o Dia da Nakba, quando é lembrado o êxodo palestino ocorrido após a criação do Estado de Israel, em 1948.
De acordo com a polícia, aproximadamente 1.100 manifestantes participaram do protesto no bairro berlinense de Kreuzberg em memória à Nakba e em protesto contra as contínuas operações militares de Israel na Faixa de Gaza. Ao final, mais de 50 pessoas foram presas.
Nakba significa "catástrofe" em árabe e se refere ao deslocamento forçado ou fuga de palestinos durante a Guerra Árabe-Israelense de 1948, que sucedeu a fundação de Israel. Cerca de 700 mil palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas nos anos anteriores e posteriores à proclamação do Estado de Israel.
Em Berlim, os manifestantes pretendiam marchar da praça Südstern, no sul da capital, até o bairro vizinho de Neukölln, mas um tribunal administrativo local decidiu que o protesto deveria permanecer na praça.
Uso de slogans proibidos
"A Nakba é uma campanha contínua de limpeza étnica que nunca parou", afirmou um orador na manifestação. Outros manifestantes teriam gritado frases acusando o governo e os militares israelenses de serem "assassinos de crianças, assassinos de mulheres, assassinos de bebês".
Segundo os policiais, alguns manifestantes também entoaram a frase "do rio ao mar, a Palestina será livre", que é banida na Alemanha por ser considerada uma apologia ao crime, pois pode ser encarada como uma demanda para que a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo seja libertada do Estado de Israel – interpretação contestada por alguns grupos palestinos.
De acordo com o jornal alemão TAZ, o uso desta frase motivou as ações da polícia nesta quinta-feira para prender alguns dos manifestantes na capital alemã.
Policial pisoteado
Os policiais disseram que também reagiram a "atos significativos de violência" contra a polícia "de dentro da multidão", de onde garrafas, pedras e outros objetos teriam sido atirados.
De acordo com a polícia, um policial foi arrastado para o meio da multidão, jogado ao chão e pisoteado. O homem de 36 anos teria sofrido ferimentos graves na parte superior do corpo, incluindo um braço fraturado, e permanece no hospital.
De acordo com a polícia, 11 policiais ficaram feridos, além de um número não especificado de manifestantes. Os civis feridos foram atendidos no local pelo Corpo de Bombeiros de Berlim.
Políticos de Berlim condenam brutalidade
"O ataque a um policial na manifestação em Kreuzberg nada mais é do que um ato de violência covarde e brutal", disse o prefeito de Berlim, Kai Wegner, do partido conservador União Democrata Cristão (CDU). "Ataques contra policiais são ataques à lei e à ordem e, portanto, contra todos nós."
A secretária do Interior de Berlim, Iris Spranger, do Partido Social-Democrata (SPD), prometeu medidas duras contra os presos. "A manifestação em Berlim escalou de forma horrível", disse ela. "Essa violência brutal contra policiais não tem nada a ver com protesto político."
A Sociedade Israel-Alemanha (DIG) destacou uma "forte radicalização" e um "consequente aumento da violência" e pediu que as autorizações para esse tipo de manifestação fosse reconsiderada.
"Muitas vezes, esses eventos não são manifestações pelos direitos e preocupações legítimas dos palestinos, mas apenas expressam ódio declarado a Israel", afirmou.
rc/bl (DPA, AFP)