O Atlético de Madrid, comandado há nove anos pelo técnico Diego Simeone, impressiona a Europa. O time “cascudo”, de sistema defensivo sólido e bem entrosado está invicto no Campeonato Espanhol há 25 jogos – última derrota foi no dia 1º de fevereiro para o Real Madrid por 1 a 0, em partida válida pela temporada 2019-20 – perdeu apenas uma na fase de grupos da Liga dos Campeões e, nesta edição, conta com o brilho de João Félix, jovem promessa lusitana, tida como “o maior talento português pós-Cristiano Ronaldo”.

“Parte do sucesso desse Atlético é, sem dúvida, decorrente de Félix”, avalia João Moreira, correspondente do jornal português A Bola, ao Estadão. “Ele tenta fazer apressadamente aquilo que os portugueses e parte do público que acompanha seu futebol esperavam. Sua primeira temporada foi de adaptação, mas agora, aparentemente, ele está correspondendo às expectativas”, acrescenta.

João Félix chegou à Espanha em 2019. Para tirá-lo do Benfica, após uma temporada de números expressivos – 43 jogos, 20 gols e 11 assistências -, o Atlético de Madrid desembolsou valor jamais gasto em sua história em uma contratação: 120 milhões de euros (R$ 753,4 milhões). “O Atlético talvez seja o clube com o estilo de jogo menos apropriado às características de Félix. Mas o contratou”, pondera Paulo Cunha, editor de futebol internacional do jornal português.

Ele afirma que Félix é um atacante com capacidade de jogar em ataque posicional no meio-campo adversário, que se movimenta bastante, e essa característica não se enquadrava na mentalidade de Diego Simeone. “No fim da temporada de estreia do português em Madrid, as análises do seu rendimento foram condicionadas pelo preço que pagaram por ele. Percebeu-se que ou o time mudava a forma de jogar de Félix ou mudavam as ideias do treinador para a equipe”.

Na temporada 2019-20, o Atlético de Madrid terminou o Campeonato Espanhol em terceiro. Foram 18 vitórias, 16 empates e 4 derrotas. João Félix esteve em campo 27 vezes. Marcou seis gols e deu passe para que seus companheiros fizessem o mesmo. Nesta edição, o time da capital espanhola disputou apenas nove partidas. Venceu sete e empatou duas. O português foi a campo em todos os jogos. Já marcou cinco vezes e deu três assistências. Dessa maneira, em poucos jogos, já está perto de superar suas marcas da temporada anterior.

“Simeone escolheu a segunda hipótese (de mudar o estilo de jogo), e mudou o Atlético. Com Luis Suárez à disposição, o time joga agora com as linhas mais adiantadas, tem mais bola e naturalmente marca mais gols. Isso porque João Félix, o maior talento português pós-Cristiano Ronaldo, começou há pouco tempo”, avalia Cunha.

Moreira afirma que o futuro de Félix é tornar-se um jogador desequilibrador. “É cedo para exigir isso dele. Depende do coletivo, de como vai acontecer no Atlético de Madrid. Sinto que o time possui a oportunidade de conquistar o Campeonato Espanhol por causa dos problemas enfrentados por Barcelona e Real Madrid. Será um grande feito”, avalia o jogador.

Nas últimas cinco temporadas, o Atlético manteve-se no topo, mas não alcançou o título. Ficou em terceiro em 2015-16 e 2016-17, em segundo em 2017-18 e 2018-19 e de novo em terceiro em 2019-20. Com a chegada do português e a consolidação de um novo sistema, sólido defensivamente e eficiente no ataque, o taça do Campeonato Espanhol pode vir esse ano. O Atlético ocupa a segunda posição do Campeonato Espanhol, à frente de Barcelona e Real Madrid. Só perde para o Real Sociedad, que tem um ponto a mais apenas.

ELENCO DE OURO – Além de João Félix, o Atlético de Madrid possui outros jogadores que estão dentre os considerados melhores e mais valiosos da Espanha. É o caso do goleiro esloveno Jan Oblak, avaliado em 90 milhões de euros (R$ 575 milhões), do zagueiro uruguaio José Gímenez, com valor estimado em 70 milhões de euros (R$ 447 milhões), do lateral-esquerdo brasileiro Renan Lodi, avaliado em 50 milhões de euros (R$ 319 milhões) e do meio-campista espanhol Koke, com valor de mercado de estimado em 60 milhões de euros (R$ 382 milhões).