Os atletas russos “passam por exames” atualmente, afirmou em entrevista à AFP o diretor geral da Agência Mundial Antidoping (WADA), Olivier Niggli, que por enquanto não pode se pronunciar sobre a reintegração da Agência Russa Antidoping (RUSADA), já que a WADA ainda não sabe se pode ter “confiança” ou não.

A um ano e meio dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, enquanto o Comitê Olímpico Internacional (COI) pensa na possibilidade de reintegrar os russos e bielorrussos, excluídos do esporte mundial desde a invasão à Ucrânia há um ano, o conflito impede a WADA de viajar à Rússia e verificar a veracidade das informações transmitidas por Moscou sobre a luta contra o doping.

A Rússia, acusada de um amplo escândalo de dopagem organizado, tinha sido excluída pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) durante dois anos, até dezembro de 2022, das competições internacionais.

Os atletas russos foram autorizados a competir sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021 e nos Jogos de Inverno de Pequim em 2022.

Pergunta: Há três meses, a WADA tinha anunciado que iniciava uma investigação exaustiva da RUSADA para estudar sua eventual reintegração. Como está o assunto? O conflito armado na Ucrânia está sendo levado em conta na avaliação?

Resposta: “O conflito armado como tal, em todo caso o aspecto moral das coisas, não influencia no trabalho que fazemos sobre a luta contra o doping. Então a resposta é fácil, e é não. Seguimos um processo que está em curso. Se funcionar, funciona com um conflito armado ou sem ele. Na verdade, o que fica um pouco mais complicado é certificar justamente que funciona e que as informações que recebemos são corretas. Temos que checá-las. E hoje não podemos. Não vamos enviar pessoas para fazer uma auditoria em Moscou por razões que são compreensíveis. Então hoje não somos capazes de ter todas as respostas.

P: Então a invasão à Ucrânia por parte do exército russo não é um fator que vocês levam em conta?

R: “A organização nacional antidoping pode funcionar, embora o país esteja em guerra. Além disso, a guerra não acontece na Rússia. Então a questão para nós é saber se podemos ter confiança na organização antidoping russa ou não. E não temos a resposta”.

P: A RUSADA publica números de exames antidoping realizados. Como vocês os interpretam?

R: “Na Rússia, o sistema ainda funciona, as amostras saem da Rússia para serem analisadas em um laboratório. Não há nenhum problema para enviar as mostras à Turquia ou Doha (a Rússia não tem laboratório autorizado, por isso as mostras são mandadas para o exterior). É assim que o sistema funciona. A RUSADA trabalha, efetua um certo número de exames. Nós não temos elementos que nos façam pensar que o trabalho não está sendo bem feito”.

P: Os Jogos Olímpicos de Paris se aproximam, serão disputados daqui a um ano e meio, e o calendário está ficando apertado para que vocês possam se pronunciar a favor ou contra a participação dos atletas russos…

R: “Não é uma questão referente à luta contra o doping. Para nós, a questão dos testes antidoping não está diretamente ligada à participação de um atleta em uma competição. Normalmente, um programa antidoping se estende durante todo o ano. Existe uma parte que depende da agência russa, mas também uma grande parte das federações internacionais. Então esse programa deve continuar normalmente e neste momento ele não parou. A ideia de que os russos não passam por testagens agora é falsa. Eles fazem exames atualmente”.

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