Ao assumir como novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley Teixeira acatou sugestão de outros cartolas do esporte nacional e montou uma comissão para elaborar um novo estatuto nos próximos 45 dias. O principal ponto será a mudança no colégio eleitoral da entidade, e os atletas do País deverão ganhar mais espaço – mas não muito.

Paulo Wanderley Teixeira assumiu a presidência do COB na quarta, após carta de renúncia de Carlos Arthur Nuzman, que está preso desde a quinta-feira passada, sob acusação de corrupção no processo eleitoral que escolheu o Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016. Vice de Nuzman, Wanderley Teixeira assumiu como novo presidente para cumprir o mandato até 2020.

E, na sua gestão, ele pretende criar um novo estatuto para a entidade. É consenso que a regra atual precisa mudar, já que apenas membros do COB há pelo menos cinco anos podem concorrer à presidência. Além disso, os atletas têm direito a um único voto, enquanto os presidentes de federações têm 30 – é preciso somar ainda os votos de membros natos.

A maior participação de atletas no pleito vem sendo cobrada por eles já há algum tempo, e irá aparecer no novo estatuto. Dificilmente, contudo, eles terão peso igual ao dos dirigentes. “A (questão da) paridade existe em qualquer votação, em qualquer modalidade. Ela existe e deve continuar existir. Mas de quanto? Não sei”, disse Paulo Wanderley.

“O atleta é nossa maior motivação, mas como dar igualdade a alguém que está administrando, quando o sucesso é de todos, e o insucesso é do CPF dele?”, questionou. “Como dar a paridade se tem alguém na administração que está com a responsabilidade do dia a dia, que será o responsável pelas falhas, enquanto que um atleta ou outra pessoa que participa, mas está olhando de fora, não tem nenhuma responsabilidade, consequência pessoal, caso dê errado? Não dá.” Segundo Paulo Wanderley, “não dá pra ir de zero a 100”.

Para o judoca Tiago Camilo, presidente da Comissão de Atletas do COB e um dos que vai trabalhar na elaboração do estatuto, o ideal é que cada confederação tenha sua comissão de atletas. Os presidentes delas é que teriam espaço no colégio eleitoral, mas ele não deixou claro quantos seriam votantes nas assembleias do COB.

“Acho que essa participação dos atletas nesse novo formato segue uma linha mundial. Nós passamos a vida toda nos dedicando ao esporte. Nada mais justo do que aproveitar nossa experiência”, comentou. “A participação dos atletas é um movimento que não tem mais volta.”