Não é novidade que jogadores de futebol sofrem constantemente com pressão dentro e fora dos gramados. Além da rotina intensa de treinos e campeonatos, cada atleta é responsável por atender às expectativas de quem o acompanha. A busca por uma válvula de escape ficou muito comum e os jogos eletrônicos se tornaram uma importante alternativa.

Neymar é um dos jogadores que buscam alívio nos games. O atacante do Paris Saint-Germain e da seleção brasileira é fã declarado de jogos eletrônicos e já revelou que eles o ajudaram a superar momentos difíceis e dias de tristeza, como uma espécie de “terapia”.

“Foi algo que me ajudou nos maus momentos, aqueles em que eu queria ficar sozinho por estar triste. Entrava no Discord, conversava com meus amigos e jogava um pouco para dar uma relaxada”, afirmou o craque, em entrevista ao podcast Fenômenos, comandado pelo ex-jogador Ronaldo e Gaules, um dos maiores streaming do Brasil.

A possibilidade de estar fora do mundo real desvia a atenção de problemas como derrotas sofridas, lesões, cobranças e dificuldades em campo. Hoje em dia, Neymar faz transmissões para milhares de fãs na plataforma Facebook Gaming.

Jogador do Bayern de Munique, Alphonso Davies mergulhou nas lives de Fifa, game de futebol da EA Sports, no período em que ficou afastado por causa de um problema no coração. Neste momento, o canal do canadense na plataforma Twitch (thatboydavies19), que conta com quase 325 mil seguidores, está sem atividade porque já atendeu ao propósito de motivá-lo em um momento complicado.

Durante o período mais difícil da pandemia da covid-19, diversos jogadores buscaram se aventurar no mundo dos esportes eletrônicos. Kevin De Bruyne, do Manchester City, e Dele Alli, que na época estava no Tottenham, foram alguns deles. Eles conseguiram arrecadar, por exemplo, mais de 2 milhões de libras em uma Live na Twitch, jogando Fortnite. Griezmann, atualmente no Atlético de Madrid, foi outro que entrou na onda.

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Além de Neymar, outro jogador da seleção se faz presente no mundo dos games. Volante do Real Madrid, Casemiro fundou a Case Esports e a equipe participa nos cenários competitivos de Fifa, League of Legends, CS:GO e Valorant.

David de Gea, goleiro do Manchester United, também está atuando como empresário. O atleta é apaixonado por games – especialmente por Rainbow Six Siege, jogo criado pela Ubisoft. Ele aposta no futuro dos eSports e fundou a Rebels Gaming, empresa em que investiu cerca de R$ 300 milhões e competirá profissionalmente em algumas modalidades.

“A influência das celebridades nos cenários é de enorme relevância, principalmente para atingir novos públicos. O impacto que figuras públicas de diferentes campos de atuação traz para os fãs de R6, por exemplo, é extremamente positivo, pois aumenta o engajamento e a procura pelo jogo. As celebridades que entram no mundo dos games, como jogadores casuais, patrocinadores ou de qualquer outra forma, atraem a atenção do público e agregam popularidade aos jogos”, ressalta Marcio Canosa, Diretor Global de eSports, Marketing e Negócios da Ubisoft.

O jogador aposentado Sergio Agüero também possui sua própria equipe de eSports. Batizada de KRÜ, o time atua em três jogos: Valorant, Fifa e Rocket League. O argentino unifica dedicação à equipe ao lazer, conciliando trabalho e diversão.

Outro que pode trocar os gramados reais pelo esporte virtual é Mesut Ozil. O alemão cogita se aposentar aos 33 anos e se tornar um atleta de eSports. “Creio que Özil não jogará em outro clube. Não consigo ver isso. Talvez se converta em um atleta de esportes eletrônicis. Ele é muito bom no Fortnite, e eu não me surpreenderia se passasse a competir algum dia”, afirmou Erkut Sogut, empresário do jogador ao comentar sua situação no Fenerbahçe, da Turquia, em entrevista ao jornal The Telegraph.

A relação entre os jogadores e os games não se limita apenas a diversão, descanso e lazer. Ao mesmo tempo em que esses fatores são proporcionados aos atletas, o mundo dos esports também é beneficiado. “Atletas inspiram, influenciam e se a relação com os games for efetivamente autêntica – como no caso do Neymar Jr, por exemplo -, o interesse cresce exponencialmente. Hoje, atletas como Casemiro, Paquetá e Aguero têm suas próprias equipes de eSports. Recentemente, atuamos no acordo de patrocínio do Free Fire, que não é um game de futebol, para a seleção brasileira. Os cases estão aí. Futebol já se tornou uma plataforma relevante para os games e isso está indo muito além do fato de o atleta gostar de jogar. Os mundos estão se fundindo”, enfatizou Armênio Neto, especialista em novos negócios do esporte.


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