A decisão envolvendo o complexo esportivo do Ibirapuera repercutiu negativamente entre nomes do esporte brasileiro. Em reunião, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) rejeitou o tombamento do local, o que acaba por abrir caminhos para a privatização das instalações pelo governo paulista.

A possibilidade de o Ginásio do Ibirapuera ser transformado em um shopping center revoltou esportistas das mais diversas modalidades no País. Segundo a previsão, o complexo aquático também seria drasticamente afetado, dando lugar a uma torre comercial anexa a um hotel. No lugar da pista de atletismo, seria construída uma arena multiúso com capacidade prevista para 20 mil pessoas.

Palco de diversos jogos de vôlei, o ginásio criou uma identificação com os atletas da modalidade. Nomes como William, Maurício e Fabiana foram às redes sociais protestar contra a concessão do complexo à iniciativa privada. Eles publicaram uma foto do local em preto e branco com a mensagem “Luto! Pelo esporte de SP”.

“Quando penso que depois de tantas conquistas do esporte brasileiro mundo a fora, depois de tanto o esporte salvar vidas e resgatar pessoas, vejo a notícia de que o governo de SP quer derrubar o Ginásio do Ibirapuera. é inacreditável o descaso com a história do esporte brasileiro e com o futuro das modalidades esportivas”, escreveu Fabiana em longa mensagem em seu perfil.

“A tentativa é de enterrar conquistas, histórias, lembranças e projetos futuros, pra dar lugar a um shopping center! Pelo visto, um complexo de lojas chiques vale muito mais do que proporcionar a população diversão, saúde e lazer!”, finalizou a jogadora.

Maurício também se manifestou, dizendo que recebeu com “dor no coração” a notícia da demolição do ginásio. Ele ainda escreveu que o local foi palco de diversas conquistas e momentos que ficaram para sempre guardados em sua memória. “E um dia eu sonhei em jogar no ginásio do Ibirapuera… E eu realizei. Quantos sonhos iguais ao meu serão encerrados?”, escreveu William.

Quem também se manifestou foi Alberto Murray, ex-presidente do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil. Em seu blog pessoal, fez uma longa publicação em que lembra fatos históricos do local e critica a recente decisão. “Não deixe o Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães acabar. Querem estraçalhar a memória esportiva de São Paulo e do Brasil. Quem é do esporte sabe como é doído o que querem fazer com o Ibirapuera”, escreveu.

GASTOS – De acordo com o balanço do governo estadual, o aluguel do complexo não chega a R$ 5 milhões por ano. Tendo em vista que o Estado de São Paulo gasta em média, R$ 15 milhões com a manutenção da estrutura, é estimado um déficit de R$ 10 milhões nos caixas. A expectativa é que a empresa que tomará conta do espaço seja escolhida em fevereiro do ano que vem.