Os desafios causados pela pandemia na Olimpíada também geraram situações delicadas entre mães olímpicas. O caso mais grave foi protagonizado pela espanhola Ona Carbonell, referência mundial do nado artístico. Ela não pôde levar seu filho Kai para Tóquio apesar da criança, de 11 meses, estar em período de amamentação.

A atleta e sua equipe fizeram um pedido formal ao Comitê Olímpico Internacional (COI) para permitir a presença da criança nos Jogos. A resposta negativa veio apenas duas semanas antes do início dos Jogos. Segundo ela, a entidade argumentou que o impedimento se devia às regras impostas pelo governo japonês.

Pelas redes sociais, ela criticou o COI e desabafou. “Apesar de terem aparecido algumas notícias que sugeriam a possibilidade de que nós, esportistas, pudéssemos viajar para os Jogos Olímpicos de Tóquio acompanhados de nossos filhos lactantes ou de tenra idade, fomos informados pelas entidades organizadoras sobre algumas medidas extremamente drásticas que impossibilitam essa opção para mim”, escreveu a espanhola, em post que viralizou no mundo olímpico.

“Depois de receber inúmeras expressões de apoio e incentivo para ir a Tóquio com Kai, queria manifestar minha decepção e desilusão porque terei de viajar sem ele. Nossa única possibilidade é esperar o fim desta pandemia para que a normalidade volte e, com ela, as medidas necessárias para que a conciliação entre família e esporte de elite durante uma competição seja mais fácil para todos”, completou.

De acordo com a atleta, o COI só permitiria a presença do filho e do pai, Pablo Ibáñez, se ficassem em quarentena constante num hotel até o fim dos Jogos. “Para eu poder amamentar o Kai no momento em que ele precisasse, eu teria que deixar a Vila Olímpica e a bolha do meu time para ir até o hotel. Isso colocaria em risco meus companheiros de equipe.”

Somente no sábado o Comitê Organizador dos Jogos se pronunciou sobre o caso. “Assim que ouvimos sobre este caso, afirmamos: ‘temos que encontrar soluções’”, afirmou o diretor executivo dos Jogos, Christophe Dubi. O caso, contudo, ficou sem uma solução.

Nascida em Barcelona, Ona Carbonell é recordista em número de medalhas em Mundiais entre as mulheres, com 23. Somente os americanos Michael Phelps e Ryan Lochte, com 33 e 27, respectivamente, superam a espanhola. Ela soma ainda dois pódios olímpicos. Foi prata no duelo e bronze por equipes em Londres-2012. No Rio-2016, terminou em quarto lugar no dueto. Em Tóquio, ela disputa sua terceira Olimpíada da carreira.