Ativistas são absolvidos por tingir água de Fontana di Trevi

ROMA, 5 JUN (ANSA) – Um tribunal de Roma absolveu nesta quinta-feira (5) nove ativistas do grupo Ultima Generazione (“Última Geração”, em português) que jogaram carvão vegetal na Fontana di Trevi, um dos principais monumentos da capital da Itália, para tingir suas águas de preto, em maio de 2023.   

A decisão foi tomada pelo juiz Alfonso Sabella, após o Ministério Público de Roma pedir a absolvição depois de “contestar a violação do artigo 518 duodecies relativo à deterioração, desfiguração, sujidade e utilização ilícita de bens culturais ou paisagísticos”.   

Segundo o magistrado, a ação foi conduzida com a intenção de enviar uma mensagem forte e necessária, mas sem danificar o monumento. “Foi verificado que as superfícies não absorveram o corante: nenhum vestígio permaneceu visível no mármore da borda da bacia, nem nos travertinos do penhasco”, diz o relatório técnico apresentado durante a primeira audiência.   

O juiz, portanto, absolveu os réus devido à trivialidade do fato. Eles corriam o risco de até três anos de prisão sob a acusação de “depreciação de patrimônio artístico”.   

Em 21 de maio de 2023, os ativistas mergulharam na Fontana di Trevi para jogarem carvão vegetal diluído em suas águas para tingi-las de preto. De dentro da fonte, os manifestantes ergueram cartazes nos quais se lia: “Não vamos pagar por combustíveis fósseis”.   

Na ocasião, o grupo atrelou o protesto à tragédia das chuvas na região da Emilia-Romagna, dizendo que “o nosso país está morrendo”. “Esta sentença é uma vitória da desobediência civil não violenta”, celebraram.   

No entanto, o Ultima Generazione enfatizou que enquanto o governo da premiê italiana, Giorgia Meloni, “aprova novos instrumentos repressivos com o Decreto de Segurança”, o grupo continuará “protestando, bloqueando, construindo” e fará isso “juntos, com a força coletiva daqueles que exigem justiça climática e social”.   

No comunicado, os ativistas aproveitaram para pedir um boicote ao grande comércio varejista, apelando por “uma redução do IVA em bens essenciais” e pelo basta “a um sistema que protege os lucros, não as pessoas”. (ANSA).