Ambientalistas lançaram neste domingo (21/05) um líquido negro na água da monumental Fontana di Trevi, um dos símbolos da cidade de Roma, e desfraldaram uma faixa exigindo o fim do investimento em combustíveis fósseis. Quatro ativistas participaram do protesto, despejando na água da fonte carvão líquido, mesmo produto usado em outras ações semelhantes na capital italiana, como na Fontana della Barcaccia, na Escadaria de Espanha, ou na Fontana dei Quattro Fiumi, de Gian Lorenzo Bernini, na Piazza Navona.

Os jovens entraram na água da fonte barroca para alertar que o “país está morrendo” devido à crise climática e apontaram como uma das suas consequências as inundações na região de Emilia-Romagna, no norte da Itália, que causaram 14 mortos e 36.600 desalojados. A polícia entrou na água para os retirar os ativistas, enquanto os turistas que visitavam o monumento reagiam à ação com insultos e brincadeiras.

“Agressões absurdas”

O prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, escreveu um apelo nas redes sociais pelo fim das “agressões absurdas” ao patrimônio artístico da cidade, como a mítica Fontana di Trevi, cujos trabalhos de restauração e limpeza foram concluídos em 2015, após um ano e meio de obras.

“Hoje, a Fontana di Trevi foi vandalizada. A sua recuperação será dispendiosa e complexa e esperamos que não haja danos permanentes. Convido os ativistas a medirem-se num terreno de debate sem colocar os monumentos em risco”, pediu Roberto Gualtieri.

O grupo “Ultima Generazione” (Última Geração) reivindicou a ação no seu perfil do Instagram e exigiu o “bloqueio dos subsídios públicos aos combustíveis fósseis e colocar o foco no colapso climático” que ameaça o planeta.Esta não é a primeira vez que estes ativistas atacam o patrimônio com ações como esta na Itália. Em 1° de abril derramaram tinta preta na histórica Fontana della Barcaccia, na Piazza di Spagna, em Roma, construída entre 1626 e 1629.

Em 17 de março, dois jovens pintaram com tinta laranja o Palazzo Vecchio de Florença, sede da prefeitura da cidade, tendo sido detidos pelo próprio presidente da Câmara, Dario Nardella.

Até 60 mil euros de multa

Em novembro de 2022, os ambientalistas atiraram sopa em um quadro de Van Gogh, em uma exposição temporária em Roma, e espalharam tinta na obra “O Dedo”, de Maurizio Cattelan, em frente à Bolsa de Milão, assim como na escultura equestre de Vittorio Emanuele 2°, em frente à catedral da cidade.

Em resposta a tais ações, o governo italiano se comprometeu a adotar uma postura mais dura com os ativistas climáticos, impondo multas de até 60 mil euros e outras penalidades por vandalismo contra o patrimônio cultural. Os protestos na Itália fazem parte de uma série de ações em toda a Europa para chamar a atenção para as mudanças climáticas. Ativistas do grupo jogaram sopa, bolo, purê de batatas e tinta lavável em locais históricos e culturais e obras de arte em museus.

md (Lusa, DPA, AFP)