Vários ativistas dos direitos humanos, como o poeta Liang Taiping, estavam detidos ou eram vigiados de perto neste sábado, 27º aniversário da repressão do movimento pró democracia da Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim, informou uma ONG chinesa.

Na manhã de sábado, apesar da estreita vigilância da polícia, ativistas do grupo “Mães de Tiananmen” visitaram um cemitério para honrar a memória dos filhos mortos durante a repressão violenta dos manifestantes.

As “Mães de Tiananmen” denunciam o que chamam de amnésia de Estado e “27 anos de terror branco”.

“Nos vigiam desde a semana passada”, afirmou Zhang Xianling, que visitou neste sábado o túmulo do filho, morto a tiros em 1989.

“Trinta policiais (à paisana) estavam no cemitério”, disse Zhang à AFP.

Ding Zilin, de 79 anos, fundadora do grupo “Mães de Tiananmen”, não conseguiu sair de sua residência e a polícia cortou a linha telefônica, informou a imprensa de Hong Kong.

“O usuário para o qual você liga não tem direito de receber ligações”, afirma uma mensagem quando alguém tenta entrar em contato com Ding.

Na quinta-feira, a polícia de Pequim deteve seis militantes dos direitos humanos pela organização de uma cerimônia para recordar a repressão de 4 de junho de 1989.

Os detidos, incluindo o poeta Liang, são suspeitos de “provocar brigas e estimular distúrbios”, informou a ONG Weiquanwang.

O regime comunista proíbe qualquer debate sobre os acontecimentos na Praça da Paz Celestial, que não aparecem nos livros escolares e nos meios de comunicação, e são censurados na internet.

Esta semana, as “Mães de Tiananmen” divulgaram uma carta aberta com a ajuda da ONG China Human Rights Defenders.

“Para as famílias das vítimas, são 27 anos de terror branco, de sufocação”, afirma a carta.

Os meios de comunicação estatais afirmam que 4 de junho é “um dia comum” e os chineses “querem deixar 1989 para trás”.

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