HONG KONG, 24 SET (ANSA) – O ativista pró-democracia Joshua Wong foi libertado sob fiança poucas horas depois de ter sido preso pela polícia de Hong Kong, nesta quinta-feira (24), com a acusação de “aglomeração ilegal”.   

Segundo o advogado do jovem de 23 anos, a denúncia diz respeito a um protesto de 2019 contra a ordem do governo local que proibiu o uso de máscaras em manifestações.   

“Não há nada para celebrar nessa libertação bizarramente rápida.   

O caso vai ser mencionado no tribunal às 14h30 de 30 de setembro, um dia antes da decisão da China para aprovar a prisão de 12 jovens ativistas e de seu dia nacional”, afirmou Wong no Twitter.   

Ele faz referência a 12 jovens de Hong Kong presos pela polícia chinesa enquanto tentavam fugir para Taiwan. O ativista arrisca pegar até cinco anos de prisão por manifestação não autorizada e mais um ano por usar máscara.   

“A prisão de hoje é um notório abuso do sistema de justiça criminal, mas eu escolhi não me render”, acrescentou. Wong é uma das principais vozes do movimento pró-democracia em Hong Kong, território semiautônomo que é alvo de um cerco da China para calar dissidências.   

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O ativista já havia sido um dos líderes da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, movimento que ocupou o centro da cidade por 79 dias em 2014 para pedir eleições livres. Wong chegou a ser condenado por seu papel nos protestos de seis anos atrás, mas recebeu liberdade condicional no primeiro semestre de 2019.   

Por meio de uma nota, o alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, disse que a prisão do jovem é a “mais recente de uma série preocupante de detenções de ativistas democráticos desde o verão [no Hemisfério Norte]”.   

“Essas prisões exigem um controle muito atento por parte da magistratura independente”, acrescentou o “chanceler” da UE. A nota faz referência à controversa lei de segurança nacional imposta pela China em junho passado, que permitiu a abertura de escritórios de agências de segurança nacional em Hong Kong, aumentando o controle de Pequim sobre o território.   

Além disso, a lei pune os crimes de separatismo, subversão, terrorismo e colusão com forças estrangeiras com penas que vão de três anos de cadeia até prisão perpétua. Nos casos mais graves, os suspeitos podem ser transferidos para processo na China.   

Para manifestantes pró-democracia, a lei de segurança nacional representa o fim do status de semiautonomia vigente até então em Hong Kong, que foi devolvida pelo Reino Unido à China em 1997, com o princípio de “um país, dois sistemas”. (ANSA).   


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