Vitali Shishov, diretor de uma ONG bielorrussa que estava desaparecido desde segunda-feira na Ucrânia, foi encontrado enforcado em Kiev, anunciou nesta terça-feira (3) a polícia, que iniciou uma investigação por “assassinato”.

“O cidadão bielorrusso Vitali Shishov, desaparecido ontem em Kiev, foi encontrado enforcado hoje em um dos parques de Kiev, perto do local em que residia”, afirmou a polícia ucraniana em um comunicado.

De acordo com uma das hipóteses investigadas, o caso poderia ser um “assassinato camuflado como suicídio”, indicou a polícia.

Shishov, que diriga a organização “Casa Bielorrussa na Ucrânia”, uma ONG de ajuda aos cidadãos de Belarus que fugiram do país, saiu para correr na segunda-feira de manhã em Kiev e não retornou para casa.

A ONG de Shishov denunciou o regime do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko de estar por trás do assassinato.

“Não há nenhuma dúvida de que é uma operação planejdaa pelos ‘chekistas’ (termo para designar as forças de segurança bielorrussas) para liquidar um bielorrusso que representavam um verdadeiro perigo para o regime”, afirmou a organização “Casa Bielorrussa na Ucrânia” em sua conta no Telegram.

A ONG bielorrussa de defesa dos direitos humanos Viasna informou no Telegram que, segundo amigos de Shishov, ele já havia sido seguido por “desconhecidos” durante suas corridas.

Vários bielorrussos fugiram do país e seguiram especialmente para Ucrânia, Polônia e Lituânia, em um período de intensa repressão da oposição ao regime de Lukashenko, que governa desde 1994 a ex-república soviética que fica no meio do caminho entre a UE e a Rússia.

O caso de Vitali Shishov aconteceu um dia depois do incidente nos Jogos Olímpicos de Tóquio com a atleta bielorrussa Kristina Tsimanuskaya, que afirmou ter sido obrigada a abandonar a competição e foi ameaçada de ser enviada de volta ao país depois que criticou a federação de atletismo de Belarus nas redes sociais.

A velocista de 24 anos se refugiou na embaixada da Polônia, país que concedeu visto humanitário na segunda-feira.

O histórico movimento de protesto após as eleições em Belarus no ano passado foi reprimido com várias detenções, exílios forçados de opositores e o desmantelamento de muitas ONGs e meios de comunicação independentes.