BRASILEIROS DO ANO
Luiza Trajano – Social

A empresária Luiza Helena Trajano está acostumada a liderar causas bem-sucedidas. E faz isso num ritmo frenético. Engole palavras enquanto fala e concatena várias ideias ao mesmo tempo, em jornadas típicas dos workaholics. Assim ficou conhecida no mundo empresarial, ao erguer uma das companhias mais admiradas do varejo nacional, a Magazine Luiza, ou Magalu, que liderou a revolução digital no setor e tornou-se uma das estrelas da B3.

Em 2013, ela fundou o movimento Mulheres do Brasil. Como tudo que faz, também essa iniciativa decolou. Ele já tem mais de 100 mil participantes. “É o maior grupo político suprapartidário do Brasil”, diz com orgulho. Entre os eixos de atuação estão a promoção de Saúde, Educação, Emprego e Habitação. Outro, batizado de “Pula para 50”, visa ampliar a representatividade feminina na política preenchendo 50% dos assentos no Congresso. Já o Ciência na Saúde pretende resgatar laboratórios e auxiliar cientistas. “Estamos com várias reitoras, a minha família já patrocina dois projetos”, conta.

Com a pandemia, o grupo lançou o movimento Unidos pela Vacina. “O Mulheres do Brasil é que criou e articulou. Visamos aquele público lá da ponta, o mais simples, para vacinar a partir de julho”, conta. “Além de ter uma equipe que trabalhou diretamente com o Ministério da Saúde, nós tivemos trabalho de logística e marketing. Foram mulheres de todos os segmentos: da comunidade, empresárias, donas de casa, de todas as classes sociais e todos os níveis econômicos.” Ela conta que o grupo atuou em 4,5 mil municípios. “Além de ter ajudado profundamente na pandemia a micro e pequena empresa, eu fiz mais de 400 lives.”

O sucesso fez a fama ultrapassar as fronteiras do País. Ela foi escolhida em setembro pela revista “Time” uma das cem pessoas mais influentes do mundo. É a única brasileira. Desde então, seu escritório não para de receber pedidos de informações de jornalistas de todo o mundo. “Eu assustei um pouco”, diz, entre risadas. “Saí do interior, uma mulher para representar todos os brasileiros. E nesse momento de tanta carência de liderança no mundo. Fiquei muito emocionada.” O protagonismo fez ela voltar para a bolsa de apostas na próxima eleição presidencial, um tema inescapável . Mas ela desconversa. “Não sou candidata a nada, mas sou uma política por natureza”, crava. Ela tem o cuidado de não misturar suas causas com os embates partidários. Não discute a metamorfose do Bolsa Família em Auxílio Brasil, mas é enfática ao dizer que é um programa necessário.

“A gente não sai de uma pandemia sem ele. É uma ponte para sair da pobreza. Mas acho que tem que ser feito com muito equilíbrio fiscal”, afirma diplomaticamente. E enfatiza o caráter coletivo de suas ações. “Não ganhei o prêmio Brasileiros do Ano sozinha. Foi um grupo de pessoas que trabalhou profundamente pela vacina. Fico muito orgulhosa, tenho muita gratidão. E sinto ao mesmo tempo muita responsabilidade de continuar trabalhando pelo Brasil.”

Sete de setembro

Há quase dez anos Luiza Trajano lançou o grupo Mulheres do Brasil, que já conta com mais de 100 mil participantes. “Nós trabalhamos por projetos e temos como premissas a liberdade de imprensa, a democracia e a igualdade”, afirma. Além de atuar em causas importantes para o País, como educação e habitação, o grupo lançou na pandemia o movimento Unidos pela Vacina. A empresária também é uma batalhadora histórica pela maior diversidade de gênero e de raça nas empresas. A Magalu, companhia cujo conselho de administração preside (o filho Frederico Trajano a dirige desde 2016) foi pioneira em criar um programa de trainees,só para negros há um ano. O caso causou um escândalo nacional e rendeu até ameaça de processo
por discriminação. “As primeiras 72 horas foram muito pesadas. Tudo o que se muda muito radicalmente atrai opositores. Inventaram até um racismo reverso, eu nem sabia o que era é isso. Mas depois virou um exemplo, tanto que estamos repetindo a experiência”, narra.