A atividade industrial teve um desempenho negativo em junho, segundo pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta sexta-feira (18) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de evolução da produção foi de 47,2 pontos no mês passado, abaixo da linha divisória dos 50 pontos, indicando queda da produção industrial em relação a maio, quando o indicador ficou em 52 pontos. O resultado é pior que o de junho de 2024, quando o índice marcou 48,7 pontos.
Pela metodologia da pesquisa, os índices variam de zero a 100 pontos; sendo que valores abaixo de 50 indicam queda e acima, alta.
O indicador de evolução do número de empregados foi de 49,1 pontos em junho. Também abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o resultado indica queda do número de empregados no mês. “O movimento é usual para o mês, mas a queda se mostra mais intensa e disseminada em junho de 2025 na comparação com mesmo mês do ano passado, quando o índice foi de 50 pontos”, destaca a pesquisa da CNI.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) avançou um ponto porcentual em junho, para 71%. Esse patamar supera em um ponto porcentual a UCI registrada em junho de 2024 e em dois pontos a UCI de junho de 2023.
No mês passado, os estoques de produtos acabados da indústria caíram ligeiramente em relação a maio. O índice de evolução do nível de estoque ficou em 49,6 pontos, pouco abaixo da linha dos 50 pontos. Assim, o índice de estoque efetivo em relação ao planejado recuou, passando de 50,5 pontos em maio para 49,7 pontos em junho. “Com a queda, o índice passou a situar-se abaixo da linha divisória de 50 pontos, ou seja, passou a mostrar que o nível de estoques está abaixo do patamar planejado pelos empresários industriais.”
Piora das condições financeiras
A sondagem mostra que, no segundo trimestre de 2025, o índice de satisfação com a situação financeira da indústria caiu de 48,8 pontos no primeiro trimestre para 48,4 pontos. “Abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o índice mostra insatisfação das empresas industriais com a sua situação financeira, que se tornou mais intensa e disseminada nesse segundo trimestre do ano, na comparação com o primeiro”, diz a pesquisa.
“A piora das condições financeiras das empresas reflete a desaceleração da economia e os juros altos. Essa combinação prejudica o faturamento e aumenta alguns custos para a indústria, o que faz com que os empresários sintam um aperto financeiro cada vez maior”, avalia Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
O índice de satisfação com o lucro operacional caiu 1,0 ponto entre os dois primeiros trimestres deste ano, para 42,8 pontos. Ao ficar mais distante dos 50 pontos, o índice revela um aprofundamento da insatisfação com o lucro operacional.
A indústria também aponta maior dificuldade de acesso ao crédito. O índice de facilidade de acesso ao crédito caiu 0,5 ponto, para 39,9 pontos. Isso mostra, segundo a CNI, maior dificuldade da indústria em obter financiamento no segundo trimestre do ano em relação aos três primeiros meses do ano.
A sondagem mostra que o índice de evolução do preço médio das matérias-primas recuou 5,4 pontos, para 57 pontos, no segundo trimestre. Como o indicador segue acima da linha divisória dos 50 pontos, indica, segundo a CNI, que a percepção dos empresários é de alta nos preços de insumos e matérias-primas.
Principais problemas
No segundo trimestre do ano, os três principais problemas enfrentados pela indústria brasileira foram: a carga tributária (36,7% das indicações), as taxas de juros elevadas (29,5%) e a demanda interna insuficiente (apontado por 28,3% das indústrias). Na quarta colocação, está o problema da falta ou alto custo de trabalhador qualificado, que foi apontado por 23,3% das empresas. Segundo a Sondagem, o porcentual de assinalações desse problema vem crescendo consistentemente desde 2020.
Expectativas
As expectativas da indústria mostram uma leve piora em julho, mas seguem positivas, segundo a sondagem. O índice de expectativa relativo à exportação caiu 0,8 ponto. O que mede expectativa com demanda caiu 0,2 ponto, assim como o de compras de insumos e matérias-primas. O índice de expectativa de empregados ficou próximo da estabilidade, com variação negativa de 0,1 ponto.
Apesar da queda, todos os índices de expectativa seguem em patamar positivo. Ou seja, a indústria espera alta da demanda, da exportação, da compra de matérias-primas e do número de empregados nos próximos seis meses.
O índice de intenção de investimento ficou estável na passagem de junho para julho, variando de 56,1 pontos para 56,2 pontos. “Após atingir um pico em dezembro de 2024, a intenção de investimento da indústria mostra queda ao longo de 2025, acumulando queda de 2,6 pontos até julho de 2025”, ressalta a CNI.
A sondagem foi feita entre os dias 1º e 10 de julho, com 1.486 empresas, sendo 607 de pequeno porte; 529 de médio porte; e 350 de grande porte.C