Atividade do Brasil acelera em fevereiro antes de intensificação da pandemia, mostra BC

Atividade do Brasil acelera em fevereiro antes de intensificação da pandemia, mostra BC

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) – A atividade econômica brasileira registrou o nível mais forte de expansão em sete meses em fevereiro, no décimo mês seguido de crescimento, antes de passar a enfrentar a intensificação da pandemia de Covid-19 no país e das medidas de restrição e isolamento.

O Banco Central informou nesta segunda-feira que seu Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve alta de 1,70% em fevereiro na comparação com o mês anterior, de acordo com dado dessazonalizado.

A leitura representa a alta mais intensa desde julho de 2020 e dá sequência aos ganhos vistos desde maio, quando a economia passou a se recuperar do tombo visto em março e abril devido ao início da pandemia no país.

O índice mostrou ainda aceleração em fevereiro depois de ter começado o ano mostrando força da economia com alta de 1,25% em janeiro, em dado revisado pelo BC depois de divulgar avanço de 1,04%.

“Este resultado evidencia continuidade da recuperação da economia doméstica iniciada em meados de 2020, em que pese o arrefecimento da demanda das famílias nos últimos meses”, afirmou o economista da XP Rodolfo Margato, calculando por enquanto crescimento de 0,2% para o PIB no primeiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores.

Mas a situação sanitária no Brasil se agravou no final de fevereiro e, em seguida, o Brasil se tornou o epicentro global da pandemia de Covid-19, chegando a ultrapassar 4 mil mortes em 24 horas.

A crise, com sistemas de saúde muito sobrecarregados, levou várias localidades a intensificarem as medidas de contenção, voltando a fechar comércios não essenciais e restringindo ainda mais a mobilidade.

Na comparação com fevereiro de 2020, o IBC-Br registrou avanço de 0,98% e, no acumulado em 12 meses, teve queda de 4,02%, segundo números observados.

Fevereiro já mostrou perdas entre os setores econômicos. A indústria registrou queda inesperada de 0,7% na produção e interrompeu nove meses de resultados positivos, sob o peso das perdas na produção de veículos automotores e indústrias extrativas.

Mas as vendas no varejo voltaram a crescer no país após dois meses de recuos, enquanto o volume de serviços enfim superou em fevereiro o nível pré-pandemia pela primeira vez.

O país ainda enfrenta incertezas como a lentidão da vacinação e sobre o Orçamento para 2021, e as expectativas para o crescimento do PIB vêm diminuindo.

“Olhando para o restante do ano, a vacinação contra a Covid-19 somada aos estímulos fiscais e creditícios ainda elevados e à tendência de recuperação do setor de serviços devem pesar positivamente sobre a recuperação da economia. Para março e abril, no entanto, o endurecimento das medidas de isolamento social pode pesar negativamente sobre o ritmo de recuperação da atividade econômica”, avaliou a equipe do banco Original.

A pesquisa Focus do BC divulgada nesta segunda-feira mostra que o mercado espera crescimento de 3,04% do PIB em 2021, indo a 2,34% em 2022.

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