Donald Trump, ex-presidente americano e candidato republicano para assumir a Casa Branca a partir de 2025 sofreu um atentado no final da tarde de sábado, 13, durante um comício no estado da Pensilvânia, região nordeste dos Estados Unidos. Trump, de 78 anos, passa bem.
Veja momento no vídeo:
BREAKING: Footage from Trump rally as suspected gun shots fired pic.twitter.com/JZMHnabQiW
— The Spectator Index (@spectatorindex) July 13, 2024
O que se sabe até o momento sobre o atentado:
Como foi
Vestido com uma camisa branca, paletó escuro e um boné vermelho com seu slogan “Make America Great Again”, Donald Trump havia iniciado há poucos minutos seu discurso – com uma de suas habituais críticas sobre a entrada massiva de migrantes no país, da qual culpa o presidente democrata, Joe Biden – quando barulho de tiros começaram a ser ouvidos no local.
Os barulhos de tiros puderam ser ouvidos até mesmo durante a transmissão ao vivo do evento. Trump interrompeu o discurso e, rapidamente, buscou se proteger se abaixando atrás do púlpito, levando as mãos ao rosto.
O republicano se levantou após alguns momentos com a mão na orelha direita, que sangrava. Ele foi cercado pelos agentes escoltado para um carro.
Após o ocorrido, o ex-presidente foi examinado e está bem, segundo o porta-voz, que não entrou em detalhes.
Ferimentos
“Fui baleado com uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha direita”, disse Trump logo após o atentado.
Enquanto falava, ouviram-se tiros, ele levou a mão à orelha e se jogou no chão atrás do púlpito. Depois de alguns instantes, Donald Trump se levantou, despenteado e sem seu boné vermelho, cercado pelos agentes. “Deixem-me pegar meus sapatos”, foi ouvido dizendo.
Ele se virou para a multidão e ergueu repetidamente o punho, além de proferir palavras inaudíveis, em uma imagem que agora se tornou icônica.
Logo após ser alvo do ataque, Trump foi levado às pressas para um hospital, cujos detalhes não foram divulgados, mas provavelmente na cidade de Pittsburgh, que é a cidade mais próxima da pequena e rural Butler, onde ocorreu o ataque.
Ele ficou no hospital por apenas algumas horas e, depois, uma caravana de veículos escoltada pela Polícia Estadual da Pensilvânia foi vista a caminho do aeroporto local para que Trump embarcasse em seu avião.
Poucas horas depois do atentado, Trump apareceu aparentando bom estado de saúde. Imagens divulgadas pela rede de televisão Fox News mostram o ex-presidente descendo de seu avião particular ao chegar depois da meia-noite deste domingo no aeroporto de Newark, no estado de Nova Jersey.
Usando um terno azul e sem gravata, Trump desceu os degraus da aeronave sem qualquer ajuda, caminhou com normalidade e acenou para algumas pessoas na pista.
Ele presumivelmente seguiu para a Trump Tower, edifício em Manhattan onde tem um de seus endereços.
Não se sabe se o político terá alguma atividade neste domingo ou se vai descansar, mas sua equipe de campanha já confirmou que ele é esperado na segunda-feira na convenção do Partido Republicano em Milwaukee, onde a legenda deve formalizar sua candidatura para as eleições presidenciais de novembro.
Vítimas
Além de Donald Trump, o FBI informou que um espectador morreu e duas pessoas ficaram gravemente feridas. Ainda não há mais informações sobre quem são as vítimas.
O atirador
O FBI afirmou neste domingo, 14, ter identificado o autor do disparo, que foi morto no local do incidente. O nome dele é Thomas Mattew Crooks e, segundo o FBI, é um homem branco, de 20 anos, morador de Bethel Park, distrito a cerca de 70 quilômetros do local do atentado.
Em imagens que não puderam ser verificadas, o corpo do suposto agressor é visto caído no telhado inclinado de um prédio baixo de onde foram disparados os tiros.
O atirador não tinha nenhum documento consigo, o que dificultou sua identificação por horas. As autoridades informaram que coletaram amostras de DNA para identificá-lo.
Ainda não se sabe quais seriam as motivações do suposto atirador e se ele era o que é conhecido como “lobo solitário” ou tinha um cúmplice, mas acredita-se que o homem tenha agido sozinho.
Em uma entrevista coletiva do FBI, foi pedida ajuda dos moradores para coletar dados sobre o caso.
A mídia local de Pittsburgh, WTAE, informou que ele usou um rifle do tipo AR-15 e disparou oito tiros antes de ser alvejado e morto pelos agentes do Serviço Secreto.
Repercussão
Autoridades ao redor do mundo se manifestaram após o atentado.
O presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição, Joe Biden, disse estar rezando por Trump e declarou estar grato por ele estar em segurança.
“Estou rezando por ele e sua família e por todos aqueles que estiveram presentes no comício, enquanto aguardamos mais informações. Jill e eu estamos gratos ao Serviço Secreto por tê-lo colocado em segurança. Não há lugar para esse tipo de violência na América. Devemos nos unir como uma nação para condená-la”, disse, em documento divulgado pela Casa Branca.
Barack Obama, ex-presidente, também se manifestou. “Não há absolutamente nenhum lugar para a violência política na nossa democracia. Embora ainda não saibamos exatamente o que aconteceu, todos deveríamos estar aliviados pelo fato de o ex-presidente Trump não ter sido gravemente ferido e aproveitar este momento para nos comprometermos novamente com a civilidade e o respeito na nossa política. Michelle e eu desejamos a ele uma rápida recuperação”.
Em sua conta no X (antigo Twitter), o presidente Lula repudiou o que chamou de “atentado” contra Donald Trump.
“O atentado contra o ex-presidente Donald Trump deve ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política. O que vimos hoje é inaceitável”, escreveu.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, também usou as redes sociais e postou que ele e a esposa ficaram “chocados” com o suposto ataque e que torcem pela rápida recuperação de Trump.
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, desejou a Trump uma rápida recuperação. “Tais atos de violência ameaçam a democracia”, escreveu na plataforma X. “Meus pensamentos também estão com as pessoas que foram afetadas pela tentativa de assassinato”, acrescentou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, “condenou inequivocamente esse ato de violência política”, disse seu porta-voz, Stephane Dujarric.
O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador também condenou “o que aconteceu com o ex-presidente Donald Trump”. “A violência é irracional e desumana”, declarou ele na mesma rede social.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse que estava “enojado com o tiroteio do ex-presidente Trump” e enfatizou que “a violência política nunca é aceitável”.
A presidente da Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, disse que estava “profundamente chocada com o tiroteio”. “Desejo a Donald Trump uma rápida recuperação”, disse Ursula von der Leyen.
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, condenou “veementemente” o ataque. “Mais uma vez, estamos testemunhando atos inaceitáveis de violência contra representantes políticos”, disse ele.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse estar “consternado com as imagens impactantes” do comício de Trump. “A violência política de qualquer tipo não tem lugar em nossas sociedades”, disse o líder trabalhista.
Na França, o presidente Emmanuel Macron enviou seus “desejos de pronta recuperação” a Trump. “É uma tragédia para nossas democracias”, disse ele.
Da Hungria, o primeiro-ministro nacionalista Viktor Orbán, que se encontrou com Trump no início desta semana, enviou ao candidato republicano “pensamentos e orações” neste “momento sombrio”.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressou sua “solidariedade” a Trump e disse esperar que “o diálogo e a responsabilidade” prevaleçam “sobre o ódio e a violência” na campanha eleitoral.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, desejou a Trump uma “rápida recuperação”. “Essa violência não tem justificativa e não tem lugar em nenhum lugar do mundo”, ressaltou.
Já o presidente argentino Javier Milei expressou repúdio ao incidente por meio de um comunicado oficial do governo.“O presidente Javier Milei expressa seu mais energético repúdio à tentativa de assassinato contra o ex-presidente e candidato a presidência Donald Trump”, diz o comunicado.
Eleições americanas
Congressistas republicanos já começam a projetar que o ataque deste sábado em um comício na Pensilvânia fortalecerá a candidatura de Donald Trump para voltar à Presidência dos Estados Unidos.
“Trump sobreviveu a esse ataque, ele já é o vencedor das eleições”, disse ao site Politico o congressista Derrick Van Orden, do Wisconsin. Aliados do magnata avaliam que o atentado consolidará as bases republicanas, especialmente as imagens já históricas que circulam do ex-mandatário com o punho erguido e o rosto ensanguentado.
“Isso vai dar à base mais energia do que qualquer outra coisa. Ele gritando ‘lutem, lutem, lutem’. Esse será o slogan”, afirmou o congressista Tim Burchett, do Tennessee.