Amigo leitor, amiga leitora, sabe aquele vizinho mala? Aquele cunhado(a) que ninguém merece? O pai ou a mãe do coleguinha do filho, que fica na porta da escola enchendo o saco de todo mundo? Pois é. Aproveite essas horas antes do final das eleições, e bote para quebrar! Diga tudo o que você tem vontade de dizer, mas até hoje não disse.

Fale de como ele – ou ela – é babaca, intolerante, metido, arrogante, prepotente, mentiroso, falso, cínico, fofoqueiro, ladrão, mau caráter, fingido, dissimulado, Maria vai com as outras, burro, ignorante, quebrado, corno (considere tudo isso no gênero feminino também), e por fim: chame de comunista ou fascista; bolsominion ou petralha; ladrão ou genocida.

Sim, caro leitor, cara leitora, gaste todo seu arsenal de ofensas. Aproveite e compartilhe todas essas babaquices que você recebe 250 vezes por segundo nos grupos de Whatsapp. Conte e repita as maiores mentiras e barbaridades sobre Lula e Bolsonaro. Sem dó! Mas a partir das 00:00:01h de segunda-feira que vem, acorde! Volte para o mundo dos vivos.

Vença quem vencer, entenda: do outro lado estará a maioria absoluta do País. E ou você encontra um jeito de conviver de forma pacífica, tolerante, democrática e, sim!, cristã (aqui falo aos fiéis das religiões católicas) – já que nenhuma religião derivada do cristianismo prega o contrário -, ou fará da própria vida um verdadeiro inferno sobre a Terra.

Nós, os eleitores, tínhamos uma vida antes de eles, os políticos, nos transformar em soldados de batalhas – suas batalhas! Eis o verdadeiro “nós x eles” que importa, mas que conseguiram transformar em “nós x nós’, enquanto “eles”, continuam com seus mensalões, petrolões, rachadinhas, orçamentos secretos e sigilos de 100 anos.

Naquela vida de outrora, amigos de décadas morriam, após décadas, juntos. As famílias curtiam o natal, o ano novo e as festas. Brigas? Sim. Sempre houve. O tiozão bêbado, a cunhada inconveniente, a sogra fofoqueira… Mas a briga durava até o dia seguinte, e no almoço de domingo estavam todos lá, juntos, prontos para brigar outra vez.

Após o jogo, a zoeira corria solta e o pau quebrava, sim! Freguês, eliminado, Série B… Mas, com 55 anos de idade, jamais, nem por um segundo, perdi um amigo por causa de futebol. Meu Deus! Se nunca desfizemos amizades pela coisa mais importante após todas as demais, o clube de nossa paixão, como permitimos desfazer por causa de políticos?

Lula é quem é, é o que é, e nada do que você disser – contra ou a favor – mudará a realidade dos fatos ou a imagem de quem não gosta dele criou para si. Troque Lula por Bolsonaro e dará no mesmo. Ou seja, ambos são dois belos filhos da truta, estão se lixando para a gente ou o País. Jamais irão correr para ajudar qualquer um de nós.

Já escrevi inúmeras vezes e repito: quando você precisar de grana emprestada; de um aval para um financiamento; de uma ajuda com o filho pequeno; de uma indicação de emprego; de uma companhia para uma viagem; de um abraço de solidariedade na hora mais difícil da vida, serão justamente aqueles com que você está brigando que irão lhe estender a mão.

Neste domingo, vote no meliante de São Bernardo, no verdugo do Planalto ou faça como eu e não vote em ninguém. Mas na segunda-feira, por favor, corra para seus amigos e familiares, lhes dê um abraço apertado, desculpe-se sinceramente por tudo (e os desculpe também) e retome a normalidade de sua vida.

De minha parte, aos meus amigos queridos que (provisoriamente) se foram, quero dizer que meu coração continua como sempre: enorme, aberto e acolhedor. E mais: cheio de saudade de vocês.