Bolsonaro e bolsonaristas não perdem uma mísera oportunidade de acusar prefeitos e governadores oposicionistas por compras de medicamentos e equipamentos hospitalares, acima do preço, sem licitação, destinados ao combate desta maldita pandemia do novo coronavírus.

Pouco importam os fatos e as razões. Os caras vão logo atirando pedras. E fazem bem! Os governantes que se defendam e apresentem provas de honestidade. A vigilância da sociedade deve ser dura mesmo. A famosa presunção de inocência não basta; tem de ser cabalmente demonstrada a lisura no gasto do dinheiro dos impostos. Simples assim.

Pois bem. O TCU (Tribunal de Contas da União), e não a “imprensa lixo” ou os comunistas, descobriu que o Exército brasileiro comprou a matéria-prima, usada na produção da tal cloroquina, por preços até três vezes mais caros. Repito: três vezes! Além de a droga não ter a eficiência comprovada, custou caro pra chuchu – neste caso, literalmente, pois o legume está parecendo arroz, de tão caro, hehe.

O silêncio nas hordas bolsonaristas é ensurdecedor. Bolsonáticos e bolsominions não saíram por aí pedindo cadeia ou impeachment para o mito. Nem chamaram o caso de covidão da cloroquina. Muito menos acusaram o presidente de receber propina, daí todo seu empenho em empurrar o remédio, goela abaixo, do povão. Aliás, do povão e das emas do Planalto, coitadas.

E deveriam (as hordas) agir dessa maneira leviana e truculenta? Bem, na minha modesta opinião, não. Há de se analisar as nuances do caso e a justificativa do Exército. Mas, se procedem assim com os outros, aí deveriam, sim. Deveriam fazer com o amigão do Queiroz o mesmo que fazem com os inimigos do amigão do Queiroz. Preciso desenhar?

Ocorre que, para essa gente patriota, rachadinha não é corrupção. Flávio Bolsonaro não é Lulinha. Acordo com o Centrão não é “velha política”. Gastos secretos do cartão corporativo desta presidência não são imorais. Para os passadores de pano do bolsonarismo, superfaturamento e corrupção só existem para os outros.

Peça-lhes para explicar a apuração do TCU e simplesmente dirão: “Você prefere o PT?”. Ou te xingarão de comunista, lixo ou qualquer uma das únicas vinte palavras – se muito! – que conseguem guardar e repetir. Aliás, peça-lhes para fazer aquilo que o ilibado patriota que idolatram até hoje não fez: explicar os cheques na conta da primeira-dama, Micheque, ops!, Michelle Bolsonaro.