Um dos dois petroleiros atacados na região do Golfo atracou nos Emirados Árabes Unidos, com a Arábia Saudita incriminando o Irã e dizendo que responderá a qualquer ameaça.

Depois dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, o reino saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, acusou o “regime iraniano” por esses ataques que não foram reivindicados e que danificaram dois petroleiros no mar de Omã na quinta-feira.

Grande rival da Arábia Saudita sunita e inimigo dos Estados Unidos, o Irã xiita negou qualquer envolvimento nesses eventos ocorridos perto do Estreito de Ormuz, através do qual transita um terço do petróleo transportado por via marítima e que fizeram o preço do ouro negro disparar.

Neste domingo, o presidente do Parlamento iraniano insinuou que os Estados Unidos estariam por trás dos ataques. “Parece que as ações suspeitas contra petroleiros no Mar de Omã completam as sanções econômicas (americanas contra o Irã) porque (os Estados Unidos) não atingiram qualquer resultado com essas sanções”, declarou Ali Larijani.

“O regime iraniano não respeitou a presença do primeiro-ministro japonês em Teerã e respondeu aos seus esforços atacando dois petroleiros, um dos quais japonês”, acusou o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman em entrevista ao jornal Asharq al-Awsat.

“Não queremos uma guerra na região (…) Mas não vamos hesitar em reagir a qualquer ameaça contra o nosso povo, nossa soberania, nossa integridade territorial e nossos interesses vitais”, alertou.

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Na véspera, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos pediram que o fornecimento de energia do Golfo fosse garantido depois dos ataques que ocorreram cerca de um mês após a sabotagem de quatro navios, incluindo três petroleiros, nos Emirados, também atribuídos por Washington ao Irã.

– Atracagem segura –

Em meio a temores, o petroleiro japonês atracou em segurança em um ponto nos Emirados Árabes Unidos.

“O Kokuka Courageous chegou em segurança no ancoradouro designado em Sharjah”, informou o BSM Ship Management, proprietário do navio.

“A avaliação dos danos e a preparação para a transferência da carga para outra embarcação começarão assim que as autoridades portuárias tiverem concluído suas verificações e formalidades de segurança”, acrescentou.

“Nossa tripulação continua a bordo do Kokuka Courageous e seus membros estão bem”.

A tripulação resgatada pela Marinha americana disse que durante o ataque viu um “objeto voador” se dirigindo ao petroleiro e depois uma explosão. Sua carga de metanol está intacta.

A outra embarcação atacada, o cargueiro Frente Altair, que transportava nafta, um derivado de petróleo, foi rebocada para fora das águas iranianas e será submetida a avaliação, disse seu operador. A tripulação do Altair Front chegou sábado em Dubai.

Os ataques a navios na região do Golfo em maio e junho ocorreram em meio a uma guerra de palavras entre Teerã e Washington.

As relações entre os dois países se deterioraram desde a chegada ao poder de onald Trump, que se retirou do acordo nuclear iraniano em 2018 e restabeleceu as sanções econômicas contra o Irã.


No início de maio, os Estados Unidos enviaram reforços militares ao Oriente Médio, acusando o Irã de preparar ataques “iminentes” contra interesses americanos.

A tensão no Golfo também é alimentada pelos ataques de rebeldes huthis no Iêmen contra a vizinha Arábia Saudita. Os huthis intensificaram os ataques com drones contra o reino saudita, que intervém militarmente desde 2015 no Iêmen à frente de uma coalizão anti-rebelde.

Em sua entrevista, o príncipe herdeiro saudita reiterou que seu país não aceitaria “a presença de milícias iranianas em suas fronteiras”.

No sábado, o reino saudita anunciou a interceptação de um novo drone lançado pelos huthis contra a cidade de Abha (sul), no dia seguinte à interceptação de cinco drones na direção do aeroporto de Abha e uma cidade vizinha.

Na quarta-feira, 26 civis ficaram feridos em um ataque com mísseis no mesmo aeroporto.

No Iêmen, um porta-voz da rebelião prometeu “dias dolorosos” ao reino.


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