Sete pessoas morreram e 28 ficaram feridas nesta terça-feira (10) em ataques com tiros, carros-bomba e drones realizados por guerrilheiros na cidade colombiana de Cali e em povoados próximos, ações classificadas pelo governo como terroristas.
O presidente do país, Gustavo Petro, assumiu o poder, em 2022, com o objetivo de negociar a paz com os grupos armados ilegais do país, o que não conseguiu fazer até o momento.
Na região dos ataques atuam dissidentes da extinta guerrilha das Farc. As ações “indiscriminadas”, classificadas como ataques terroristas pelo Ministério da Defesa, ocorreram nos departamentos de Vale do Cauca e Cauca, informou o general Carlos Triana, diretor da polícia.
As vítimas foram dois policiais e cinco civis, segundo um porta-voz da polícia. Duas delas morreram em Cali, onde os rebeldes usaram motos-bomba.
Os ataques ocorreram após o atentado de sábado em Bogotá contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe, ferido por três tiros. O político, de 39 anos, recebe tratamento intensivo em uma clínica na capital e seu estado de saúde é estável, mas crítico, segundo os médicos.
O ministro do Interior, Armando Benedetti, sugeriu que o governo apura se os ataques têm relação com o atentado. Além de Cali, eles ocorreram em municípios como Jamundí, Corinto e no porto de Buenaventura, o mais importante da Colômbia.
Sem assumir a responsabilidade pelos fatos, os guerrilheiros do chamado Estado-Maior Central (EMC) emitiram um comunicado pedindo aos civis que não se aproximem de bases militares e policiais.
Em janeiro, rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) mataram mais de 100 pessoas na fronteira com a Venezuela.
Veículos e estruturas foram destruídos em Cali e outros municípios afetados. Luz Amparo Hincapié, dona de uma padaria em Corinto, disse que, no momento do ataque, tinha acabado de sair de casa com o marido a caminho do seu negócio.
A explosão foi tão forte que “pensamos que tivesse havido um terremoto”, disse à AFP. Quando chegou à rua onde fica sua padaria, viu todos os vidros quebrados.
Os atos marcam o aniversário da morte pela polícia, em 2022, do guerrilheiro conhecido como Mayimbú, disse o general Triana, que descreveu os eventos como “insanos”.
“Trata-se de uma demonstração de força por parte do EMC”, é “uma ofensiva especialmente bem coordenada”, disse à AFP Elizabeth Dickinson, especialista do centro de estudos International Crisis Group.
O almirante Francisco Cubides, comandante-geral das Forças Militares, informou que o Exército frustrou na noite de ontem outros seis “eventos terroristas” na região, e que duas pessoas foram detidas quando manuseavam explosivos.
Os rebeldes que operam no sudoeste do país seguem ordens do principal líder dissidente do país, conhecido como Iván Mordisco.
Embora seu grupo Estado-Maior Central ataque regularmente as forças de segurança e a população, ataques simultâneos em tão grande escala nunca haviam ocorrido antes.
Petro compara Mordisco ao chefão da cocaína assassinado Pablo Escobar.
Com operações militares em larga escala, o governo tentou encurralar seus homens em uma região montanhosa do Cauca conhecida como Cânion Micay. Os rebeldes controlam as plantações nessa região de folha de coca, o principal componente da cocaína.
As autoridades declararam recentemente que estão perto de localizar Mordisco, que aparentemente se desloca pela Amazônia após ser ferido em uma operação do exército. Acredita-se que ele esteja usando os ataques para distrair os militares.
O EMC participou dos diálogos de paz com o presidente de esquerda, mas em abril de 2024 Mordisco abandonou as negociações.
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