O Exército russo lançou, nesta terça-feira (2), uma nova salva de mísseis contra a Ucrânia, matando ao menos cinco civis, enquanto ataques ucranianas em Belgorod, uma região russa na fronteira, deixaram ao menos um morto.

Segundo o Exército ucraniano, a Rússia disparou 99 mísseis, e 72 deles foram derrubados pelas defesas antiaéreas ucranianas. A Rússia afirmou, por sua vez, que interceptou nove mísseis de Kiev sobre Belgorod.

Os ataques russos à capital ucraniana, Kiev, e à cidade oriental de Kharkiv ocorreram menos de 24 horas depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter prometido intensificar sua ofensiva após um ataque ucraniano de força sem precedentes em Belgorod.

No total, cinco pessoas morreram e 119 ficaram feridas, segundo as autoridades ucranianas.

Em Kiev, duas pessoas morreram e 49 ficaram feridas, segundo o prefeito da capital, Vitali Klitschko. O ministro do Interior ucraniano, Igor Klimenko, destacou, por sua vez, que duas pessoas morreram nos arredores da capital.

Em Kharkiv, uma mulher de 91 anos morreu e mais de 52 ficaram feridas, incluindo seis crianças, anunciou o chefe da administração militar da cidade, Oleg Sinegubov, que também lamentou os danos causados aos edifícios.

Em Belgorod, um homem morreu quando um projétil explodiu em seu veículo, informou no Telegram o governador desta região russa que faz fronteira com a Ucrânia, Viacheslav Gladkov, e cinco ficaram feridos em outros incidentes.

O ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, acusou Moscou de bombardear deliberadamente “infraestruturas críticas e áreas residenciais”, mas a Rússia garantiu que não atacou instalações militares.

As cidades de Orikhiv e Nikopol também foram alvo de ataques que deixaram no total três feridos, segundo as autoridades.

Após a nova salva de mísseis, Kiev instou seus aliados ocidentais a fornecerem mais armas.

Na véspera, Putin prometeu “intensificar” seus bombardeios na Ucrânia, em resposta ao ataque ucraniano sem precedentes que deixou 25 mortos e 109 feridos no sábado em Belgorod.

– “Atingiram um prédio residencial!” –

Nas primeiras horas da manhã, sirenes antiaéreas soaram em Kiev. Pouco depois, dez explosões foram ouvidas e sacudiram os edifícios do centro da cidade, segundo jornalistas da AFP.

O Ministério do Interior da Ucrânia denunciou no Telegram “bombardeios maciços” que atingiram “edifícios residenciais, armazéns e infraestruturas”.

“É um prédio residencial! Atingiram um prédio residencial!”, denunciou Violetta Soloviova, moradora de Kiev de 56 anos.

Sua mãe, Galiona Soloviova, de 79 anos, sofreu um ferimento na cabeça e perdeu a casa. “É um verdadeiro horror ficar sem casa. E não sabemos nada dos vizinhos. São pessoas que conhecemos. Como estão?”, perguntou, com a cabeça enfaixada.

O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, instou nesta terça-feira uma desescalada imediata das hostilidades e lembrou que o direito humanitário internacional proíbe os “ataques indiscriminados e os ataques contra alvos civis”.

– Caças poloneses –

Diante da escalada, a Polônia, vizinha da Ucrânia, anunciou a mobilização de quatro de seus caças F-16 em direção ao leste do país para “garantir a segurança” de seu espaço aéreo.

Membro da Otan e da União Europeia, a Polônia é um aliado firme da Ucrânia.

“Deem armas à Ucrânia!”, implorou no Telegram o secretário-geral do Conselho de Segurança e Defesa ucraniano, Oleksiï Danilov.

Kiev tem enfrentado dificuldades nas últimas semanas para obter mais ajuda militar de seus aliados ocidentais.

“Hoje, a Força Aérea ucraniana abateu 10 dos 10 mísseis aerobalísticos russos ‘Kinzhal’ (…) com a ajuda do sistema Patriot AD”, disse o comandante em chefe do Exército ucraniano, Valeri Zaluzhni, nas redes sociais.

“É urgente e crucial apoiar a Ucrânia agora, para deter Putin”, afirmou Bridget Brink, embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, na rede social X.

A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, escreveu no X que a Alemanha “vai apoiar o povo da Ucrânia enquanto precisar de nós”.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, também disse, em um telefonema com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que seu país “continuará apoiando firmemente a Ucrânia em sua luta contra a agressão e a ocupação”.

Quase dois anos após o início da invasão, a Rússia parece estar novamente intensificando seus ataques aéreos.

Na sexta-feira passada, uma série de ataques com mísseis lançados pela Rússia contra a Ucrânia já provocaram cerca de 40 mortes. No dia seguinte, 25 pessoas foram mortas em um bombardeio ucraniano na cidade russa de Belgorod, perto da fronteira.

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