Sobreviventes do ataque a duas mesquitas em Christchurch contam como pessoas e crianças foram impiedosamente executadas nesta sexta-feira pelo homem fortemente armado, autor da pior chacina da Nova Zelândia.

Ao menos 49 pessoas morreram e 48 outras ficaram feridas no ataque, qualificado pela primeira-ministra Jacinda Ardern de “um dos dias mais sombrios da Nova Zelândia”.

– “Vamos matar todos vocês” –

Anwar Alsaleh se preparava para a oração da sexta-feira na mesquita al Nur, no centro de Christchurch, quando o atirador entrou. Ele se escondeu no banheiro e tentou telefonar para os serviços de emergência enquanto ouvia os tiros, relatou ao site stuff.co.nz ter ouvido o atacante gritar: “Vamos matar todos vocês hoje!”.

Ele afirma que ouviu pessoas suplicando por suas vidas: “foram crivados de balas até morrerem”.

– “No rosto” –

Pelo menos outras sete pessoas morreram na mesquita de Linwood, a 5 km de distância, onde Sayed Mazharuddin explica ter visto um homem usando boné atirar.

“Logo na entrada, estavam pessoas idosas sentadas para orar e ele começou a atirar nelas”, afirmou ao New Zealand Herald.

“Uma mulher estava gritando e ele atirou no rosto dela”.

O atirador transmitiu ao vivo o ataque no Facebook Live.

– “Muito calmo” –

Testemunhas descreveram o atirador: um homem branco com carregadores de munição presos às pernas. Estava “muito calmo”, testemunhou um deles na Rádio New Zealand.

Uma bala raspou a cabeça de Mirwaiz, um refugiado afegão que preferiu não dar o sobrenome: o atirador “começou a atirar do nosso lado e eu me deitei no chão, uma bala raspou minha cabeça. Alguns centímetros abaixo e eu estaria morto”. Ele então fugiu da mesquita quando o assaltante desviou sua atenção.

– “Surreal” –

Outros rastejaram pelas janelas quebradas ou fingiam estar mortos para sobreviver.

Carl Pomare passava pela mesquita Al Nur quando viu pessoas correndo do lado de fora da mesquita e caindo no chão. Ele parou para ajudar os feridos, incluindo uma menina de 5 anos de idade, “nós conseguimos colocá-la no carro de uma pessoa que parou e que a levou para o hospital, seu estado era grave”, disse na Rádio New Zealand.

“O cara que meu empregado cuidava morreu em seus braços, infelizmente. Foi surreal”.

– “O herói” –

Atos de heroísmo foram relatados na mesquita de Linwood, onde segundo Sayed Mazharouddine um homem conseguiu roubar uma arma do atacante, que interrompeu o tiroteio e correu para um carro que o esperava.

“Um jovem que geralmente cuida da mesquita (…) aproveitou uma oportunidade e pulou sobre ele e pegou sua arma”, afirmou.

“Este homem, o herói, tentou persegui-lo (…) ele correu atrás dele, mas havia pessoas esperando por ele em um carro e ele fugiu”.