O presidente Lula agiu muito bem ao decretar a intervenção na segurança do Distrito Federal após a invasão terrorista hoje no Congresso, no STF e no Palácio do Planalto. Trata-se de uma medida democrática, que até já deveria ter sido tomada antes, dada a evidente falta de capacidade do governador para garantir a ordem na capital federal diante de uma série de ameaças e ataques que já se repetiam nas últimas semanas. Ninguém foi preso ou punido pelo atentado recente a bomba (frustrado) e pelos incêndios, é bom que se lembre.

Precisa ser apurado o grau de envolvimento das autoridades nos ataques de hoje. Policiais do DF confraternizavam com os golpistas e tiravam fotos, há relatos de que agentes escoltaram os arruaceiros para a praça dos Três Poderes e um almirante reformado que integra o Ministério da Defesa chegou a posar para fotos com a esposa junto com os amotinados.

O recém-nomeado secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, dedicou-se como ministro da Justiça de Bolsonaro a incentivar o golpismo e perseguir a imprensa. Foi exonerado nesta tarde por Ibaneis Rocha, governador do DF, apenas quando o Capitólio tupiniquim já tinha sido executado. De forma ainda mais suspeita, Torres está na Flórida, mesmo estado onde se refugiou Jair Bolsonaro. A AGU já pediu a sua prisão. Espera-se que tenha sucesso.

Assim como Torres, todos aqueles infiltrados no aparato de segurança pelo País precisam ser escrutinados, como manda a Constituição. A gravidade desse ataque à democracia abriu o espaço necessário para que as responsabilizações sejam rigorosas. As Forças Armadas se deixaram envolver pelo bolsonarismo de forma lamentável e agora deveria dar o exemplo para se comprometer de forma exemplar com a Carta. Não há espaço para ambiguidades e qualquer acampamento golpista precisa ser desmontado.

O PT já cometeu muito erros em sua história, e apoiar ditaduras de esquerda pelo mundo está entre as mais graves. Mas o novo governo, assim como o presidente Lula, estão comprometidos de forma clara com a democracia. Os bolsonarista provaram hoje, mais uma vez, que sua única agenda é suberter a ordem e instaurar uma ditadura, lixando-se para o povo. Deram um presente para nova gestão, que agora pode de forma exemplar mostrar sua legitimidade garantindo que a ordem seja restabelecida. Os golpistas queriam uma intervenção. Já ganharam, contra eles. Agora é a hora de enfrentarem a Justiça.