Ataque paramilitar deixou mais de 1.000 mortos em acampamento de deslocados no Sudão

Mais de mil civis foram assassinados em abril no acampamento de deslocados de Zamzam, no norte de Darfur, Sudão, durante um ataque de paramilitares que lutam contra o governo, anunciou nesta quinta-feira (18) o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Em um relatório publicado em Genebra, o Alto Comissariado detalha “massacres, estupros e outras formas de violência sexual, atos de tortura e sequestros” perpetrados durante a ofensiva realizada contra o acampamento de Zamzam entre 11 e 13 de abril pelas Forças de Apoio Rápido (FAR).

“Pelo menos 1.013 civis morreram” no ataque, afirma a organização.

Entre as vítimas, “319 foram sumariamente executadas, seja no acampamento ou enquanto tentavam fugir. Algumas foram mortas em suas casas durante buscas realizadas pelas FAR, outras no mercado principal, escolas, centros de saúde e mesquitas”, acrescentou o Alto Comissariado, observando que cerca de 400 mil civis fugiram do acampamento após a ofensiva.

As FAR negam ter atacado civis em Zamzam.

Segundo o Alto Comissariado, pelo menos 104 pessoas, incluindo 75 mulheres, 26 meninas e 3 meninos, também “sofreram violência sexual atroz, incluindo estupro e estupro coletivo, assim como escravidão sexual, tanto durante o ataque ao acampamento quanto nas rotas de fuga” entre 11 de abril e 20 de maio.

O relatório indica que a violência foi aparentemente perpetrada “para semear o terror na comunidade” e observa ainda que, nos meses que antecederam o ataque, as FAR “bloquearam o fornecimento de alimentos, água, combustível e outros bens essenciais para a sobrevivência da população do acampamento”.

A organização da ONU descreve esses atos como “violações graves e sistemáticas do direito internacional humanitário e violações flagrantes do direito internacional dos direitos humanos”.

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