O movimento islamista libanês Hezbollah lançou nesta quinta-feira (4) uma bateria de foguetes e drones explosivos contra o norte do território israelense, aumentando os temores de uma guerra paralela à que Israel e Hamas travam na Faixa de Gaza há quase nove meses.

Israel anunciou que enviará uma delegação para negociar a libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro, durante a incursão mortal de milicianos do Hamas que desencadeou o conflito.

O confronto aumentou a tensão na fronteira norte de Israel, com duelos de artilharia quase diários que se intensificaram nas últimas semanas entre o Exército e o Hezbollah, aliado do Hamas.

O Hezbollah afirmou ter lançado “mais de 200” foguetes e “drones explosivos” contra o norte do território israelense, onde os alarmes antiaéreos soaram até as Colinas de Golã, território sírio anexado por Israel.

Na quarta-feira, o Hezbollah já havia disparado cerca de cem foguetes, declarando que os lançamentos eram parte da resposta pela morte de um de seus comandantes em um bombardeio israelense no sul do Líbano.

O Exército israelense afirmou ter atacado instalações de lançamento de projéteis no sul do Líbano, após “numerosos projéteis e dispositivos aéreos suspeitos” cruzarem a fronteira.

A maioria dos artefatos foi interceptada, informou o Exército, embora um tenha matado um soldado, segundo uma fonte militar.

– “Para onde ir?” –

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, advertiram que uma guerra com o Hezbollah poderia desencadear um “conflito regional”.

No ataque de 7 de outubro, milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense estima que 116 pessoas ainda estejam em cativeiro em Gaza, das quais 42 teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou pelo menos 38.011 mortos, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas desde 2007.

Segundo a Defesa Civil de Gaza, sete pessoas morreram em bombardeios israelenses, cinco delas em uma escola na cidade de Gaza, no norte do território.

Os combates continuaram principalmente no distrito de Shujaiya, em Gaza, e em Rafah, cidade do sul onde se teme uma nova grande ofensiva militar.

Dezenas de milhares de palestinos deixaram desde segunda-feira áreas do leste de Rafah e de Khan Yunis, depois de o Exército israelense ordenar uma evacuação.

– “Continuar as negociações” –

Depois de realizar operações no norte, Israel lançou em 7 de maio uma ofensiva terrestre em Rafah, cidade apresentada então como o último grande reduto do Hamas.

Mas os combates contra o movimento islamista recomeçaram nas últimas semanas em várias regiões de Gaza que Israel afirmava controlar, especialmente no norte.

O Hamas disse na quarta-feira que enviou novas “ideias” aos mediadores internacionais para pôr fim à guerra, o que Israel confirmou estar “avaliando”.

Na quinta-feira, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que o mandatário decidiu enviar “uma delegação para continuar as negociações para a libertação dos reféns”, sem especificar a data ou o local destas discussões.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “saudou” durante uma conversa com Netanyahu “a decisão do primeiro-ministro de autorizar seus negociadores a colaborar com os mediadores americanos, cataris e egípcios, em um esforço para fechar o acordo”, informou a Casa Branca.

Até agora, as partes em conflito mantiveram suas posições inflexíveis.

Netanyahu afirma que a guerra continuará até “a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns”. Já o Hamas exige um cessar-fogo permanente e a retirada total de Israel de Gaza, antes de chegar a qualquer acordo sobre a libertação dos reféns.

– Assentamentos israelenses aprovados –

A guerra em Gaza também aumentou a tensão na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.

A ONG israelense Peace Now informou que Israel legalizou três postos avançados de colônias e expandiu outros assentamentos na Cisjordânia, denunciando um novo passo rumo à “anexação” do território.

Todas as colônias israelenses na Cisjordânia são consideradas ilegais sob o direito internacional.

Cerca de 490 mil israelenses estão instalados em assentamentos neste território ocupado, onde vivem três milhões de palestinos.

bur-sg/vl/hgs/zm/fp/yr/jb/ic