Eyad Saleha, um deficiente físico palestino de 33 anos, aguardava para almoçar nesta quarta-feira quando um míssil caiu sobre sua casa, em Gaza, matando, além dele, sua mulher, 33, que estava grávida, e sua filha, 3.

A sala da casa ficou destruída e pedaços de uma bicicleta infantil podiam ser vistos entre os escombros. Dentro da geladeira derrubada, uma poeira cinza cobria um prato de tomates frescos.

Os ataques aéreos de Israel já mataram 227 pessoas desde o último dia 10 na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local. Já os foguetes lançados por grupos palestinos mataram no mesmo período 12 pessoas em Israel, segundo a polícia daquele país.

O Exército israelense afirma que busca evitar “danos colaterais” em seus ataques, voltados a alvos militares. Também afirmou que foguetes mal dirigidos lançados pelos palestinos caíram dentro da Faixa de Gaza e podem ter sido responsáveis pela morte de alguns civis, embora não haja indícios de que um foguete tenha causado a morte da família de Saleha.

O Exército de Israel não se referiu em particular ao ataque de hoje em Deir el Balah, que destruiu os três andares do imóvel em que vivia a família palestina. Inconsolável no necrotério, Omar Saleha, 31, contou que o irmão não caminhava desde os 14 anos e não era combatente. “O que meu irmão fez? Estava apenas sentado em sua cadeira de rodas”, lamentou Omar, que estava na casa de vizinhos durante o ataque.

– ‘Quantos mais?’ –

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Omar contou que Eyad estava desempregado e dividia a casa com a mãe e três irmãos. Como muitos no enclave, dependia da ajuda da agência da ONU para os refugiados palestinos.

O vice-ministro da Saúde de Gaza, Yusef Abu al-Rish, disse estar indignado com a morte da família. “Matar inocentes em suas casas, inclusive fetos no ventre materno, é um crime. Quantas pessoas mais têm que morrer para que o mundo se conscientize?”, questionou.

Israel afirmou que seus ataques são dirigidos aos comandantes do grupo islamita Hamas, que governa Gaza, bem como à sua rede de túneis.

Umm Eyad, 58, tampouco estava em casa quando o ataque matou seu filho. Ela tinha ido passar dois dias na residência de seu irmão, porque ali se sentia mais segura. “Eyad rezava para que a calma voltasse”, contou.


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