O ataque iraniano contra Israel gerou preocupação mundial e pedidos de moderação ante o risco de uma escalada de consequências imprevisíveis em uma região onde reina a incerteza há mais de seis meses pela guerra entre Israel e Hamas em Gaza.

Israel garantiu neste domingo (14) que o ataque com drones e mísseis do sábado “foi frustrado”, graças a uma “coalizão defensiva de aliados internacionais” liderada pelos Estados Unidos.

Já o chefe das forças armadas iranianas, Mohammad Baghari, comemorou uma operação que alcançou “todos os seus objetivos”.

A ofensiva de Teerã foi uma resposta ao bombardeio do seu consulado em Damasco, em 1º de abril, que atribuiu a Israel e no qual sete integrantes do Exército de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) morreram, incluindo dois generais.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, advertiu que qualquer resposta “temerária” de Israel a seu inédito ataque de sábado levaria a uma resposta militar “decisiva e muito mais forte”.

Os Estados Unidos indicaram que não participarão de nenhum possível contra-ataque de Israel contra o Irã.

“Não faríamos parte de nenhuma resposta que eles fizessem”, declarou um funcionário do alto escalão do governo do presidente Joe Biden.

Em uma conversa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Biden “deixou muito claro […] que precisamos pensar cuidadosa e estrategicamente sobre os riscos de uma escalada”, relatou o funcionário.

– 99% de disparos interceptados –

O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, disse que 99% dos drones e mísseis foram interceptados com a ajuda de Estados Unidos, Jordânia e outros aliados.

Segundo ele, apenas alguns mísseis balísticos “entraram e atingiram levemente” uma base militar, que segue em operação.

Por outro lado, a agência oficial de notícias iraniana Irna reportou “graves danos na base aérea mais importante do Negev”, no sul de Israel.

Os bombardeios iranianos deixaram 12 feridos, segundo os militares israelenses, entre eles uma menina de sete anos, detalhou um centro médico.

O Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, ambos aliados do Irã, também realizaram ataques em paralelo contra Israel.

O Exército israelense afirmou hoje que bombardeou um edifício do Hezbollah no leste do Líbano, sem deixar vítimas.

Jornalistas da AFP relataram ter ouvido várias explosões em Jerusalém na manhã deste domingo, enquanto os moradores procuravam abrigo e estocavam água.

A pedido de Israel, o Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião neste domingo.

O G7, que reúne as sete principais potências econômicas globais, condenou de forma unânime o ataque iraniano e pediu “moderação” às distintas partes.

“Exigimos que o Irã e seus aliados cessem seus ataques e estamos prontos para tomar novas medidas agora, em caso de novas iniciativas de desestabilização”, indicou em nota o G7 – integrado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão.

– Reações e guerra em Gaza –

No Vaticano, o papa Francisco lançou um “apelo urgente” para deter “uma espiral de violência” que poderia “arrastar o Oriente Médio para um conflito ainda maior”.

A União Europeia condenou o ataque, chamando-o de “escalada sem precedentes”, e convocou uma reunião ministerial para a próxima terça.

Na América Latina, Argentina, Chile e Uruguai condenaram a agressão e manifestaram sua preocupação com a escalada das tensões. Brasil e México pediram “contenção”.

A China conclamou à “paz e estabilidade” no Oriente Médio, enquanto a Rússia, apelando à moderação, instou os países da região a “encontrar uma solução para os problemas existentes”.

A Síria, aliada da República Islâmica, considerou que o ataque do Irã “é o direito legítimo à autodefesa” contra Israel.

– Mira em Gaza –

O ataque iraniano aumentou o risco de uma explosão regional que tem estado presente desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro.

O G7 pediu o fim da crise em Gaza por meio de um “cessar-fogo e a libertação dos reféns nas mãos do Hamas”, o movimento islamista no poder no território palestino.

O exército israelense afirmou que o Hamas mantém reféns na cidade de Rafah, no sul de Gaza, e que Netanyahu planeja invadir apesar da pressão internacional.

A guerra entre Israel e Hamas explodiu quando combatentes do movimento mataram cerca de 1.170 pessoas em território israelense, a maioria civis, segundo um cálculo da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.729 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

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