JOANESBURGO, 22 OUT (ANSA) – Ao menos 15 pessoas morreram neste domingo (21), na República Democrática do Congo, em um ataque a tiros orquestrado por um grupo de rebeldes congoleses nos arredores de Beni, na província de Kivu do Norte.   

De acordo com fontes do Exército do país africano, a ação da milícia das Forças Democráticas Aliadas (FDA), que é considerada a mais violenta e ativa na região, aconteceu durante a noite, em um centro de intervenção contra o ebola.   

O grupo armado também sequestrou 12 crianças na ação, além de ter atacado posições do Exército congolês em diversos bairros de Beni no final de semana, informou o capitão Mak Hazukay Mongha, em entrevista à agência Associated Press. Ainda segundo o site “Actualité”, pelo menos um militar foi morto.   

A missão da Organização das Nações Unidas no país (Monusco) informou que suas tropas trocaram fogo com os rebeldes na área de Mayangose, em Berni, e ajudaram os militares a repelirem o grupo.   

“Escapei por pouco. Chegaram e arrombaram a porta (da casa) e levaram meus dois filhos. Um tem 11 anos e o outro tem 12.   

Também obrigaram meu marido a ir com eles”, informou uma mulher ao ” Actualité”.   

Por conta dos assassinatos e dos sequestros, um grande protesto foi organizado na região. Os manifestantes levaram quatro corpos e depositaram na frente da Prefeitura. Médicos e outros profissionais de saúde precisaram se refugiar em um hospital local, enquanto os manifestantes destruíam prédios do governo e bloqueavam o tráfego, informou o Ministério da Saúde do Congo. Além disso, a “Rádio Okapi”, apoiada pela ONU, revelou que veículos da entidade foram apedrejados.   

No entanto, algum tempo depois os manifestantes foram contidos pela polícia, que utilizou bombas de gás lacrimogêneo.   

Ebola – Os rebeldes da ADF mataram centenas de civis nos últimos anos e são apenas uma das várias milícias ativas no nordeste do Congo. Um outro ataque efetuado no mês passado, em Beni, forçou a suspensão das equipes de saúde em conter o avanço do ebola na região, que já atingiram 202 pessoas e mataram 118.   

“Será muito difícil deter o surto se esta violência continuar”, informou o chefe de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Peter Salama.   

O ministro da Saúde do Congo, Oly Ilunga, afirmou que foi um “dia negro” para todos que lutam contra o ebola. Além disso, ele revelou que os agentes “continuarão” com os trabalhos para conter o avanço da doença, e os chamou de “verdadeiros heróis”.   

A OMS, por sua vez, informou na última semana que estava “profundamente preocupada” com o surto, mas garantiu que não é uma emergência global, já que um surto deve ser classificado como “um evento extraordinário” que pode atravessar fronteiras.   

Em dos casos mais recentes que chamaram a atenção dos profissionais da saúde, foi que 22 jovens em Butembo desenterraram uma vítima do ebola e abriram seu corpo para verificar se os médicos não haviam retirado seus órgãos para vendê-los. O Ministério da Saúde local informou que eles tocaram em fluidos corporais altamente contagiosos e após verificarem que não havia nada de errado, “concordaram em ser vacinados”, juntando-se a mais de 20 mil pessoas que receberam as vacinas até o momento.(ANSA)