Doze pessoas, incluindo crianças e mulheres, morreram em uma localidade isolada da região norte de Moçambique no mais recente episódio de violência atribuído aos islamitas, o que provocou a fuga de milhares de moradores para a vizinha Tanzânia.

O ataque aconteceu na manhã de sexta-feira no vilarejo de Chicuaia Velha, a poucos quilômetros da fronteira com a Tanzânia.

Os moradores foram assassinados com golpes de machado ou dentro de suas casas incendiadas pelos islamitas, de acordo com a imprensa local.

“Aconteceu um ataque contra um vilarejo do distrito de Nangane, em uma zona onde as forças de segurança não fazem patrulha. Os agressores mataram 12 pessoas”, declarou à AFP uma fonte policial da província de Cabo Delgado.

Após o ataque, milhares de pessoas atravessaram o rio Rovuma e fugiram para a Tanzânia.

“O distrito de Nangade fica longe do mar, onde a polícia concentra seus esforços, o que permitiu aos criminosos entrar no vilarejo, atacar e sair sem preocupação”, afirmou um policial que coordena as operações contra os islamitas.

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“Usam estratégias de guerrilha atacando quase simultaneamente várias localidades distantes. Então é difícil controlar a situação”, completou.

Há um ano, grupos islamitas, que defendem a aplicação rígida do Corão, espalham o terror em Cabo Delgado, província do norte do país, rica em recursos de gás e de maioria muçulmana.

O ataque de sexta-feira foi o quarto no mês de novembro, segundo Eric Morier-Genoud, professor de História Africana na Queen’s University de Belfast e especialista em Moçambique.

No dia 14 de novembro, o chefe do vilarejo de Nagulué, no distrito de Macomia, foi decapitado, vários moradores feridos e 18 casas destruídas.

Em um ano, os jovens muçulmanos fundamentalistas conhecidos como “shababs” mataram mais de 100 pessoas.

O mesmo cenário se repete: homens armados chegam a partir da floresta a um vilarejo e matam – às vezes decapitam – moradores, roubam e incendeiam tudo.

Quase 200 pessoas suspeitas de participação em ataques estão sendo julgadas em Pemba, região norte do país. Entre os réus estão cidadãos da Tanzânia, Somália e República Democrática do Congo (RDC).

A violência preocupa as autoridades de Maputo e as grandes empresas de gás que começaram a atuar na região de Cabo Delgado para explorar as reservas offshore.

A imprensa local também destaca possíveis negociações entre o governo moçambicano e empresas de segurança privada.

A empresa L6G por exemplo, que pertence ao fundador do grupo americano Blackwater, com uma sombria reputação no Iraque, prometeu derrotar os “shababs” em três meses, segundo uma fonte ligada às forças de segurança.


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