O homem de 50 anos que morreu após esfaquear um policial de Hong Kong era um “lobo solitário” que se “radicalizou” politicamente – informou o chefe de segurança da cidade na sexta-feira (2).
As imagens do ataque na noite de quinta-feira foram capturadas ao vivo por um jornalista local.
Nelas, vê-se um homem de camiseta escura esfaqueando um policial pelas costas no distrito comercial de Causeway Bay.
A polícia afirmou que o homem, cuja identidade não foi revelada, suicidou-se depois, com uma facada no peito. Ele não resistiu aos ferimentos e faleceu.
O policial de 28 anos que foi atacado sofreu uma perfuração no pulmão e foi operado.
“As investigações iniciais indicam que se trata de um ato de terrorismo doméstico ao estilo de um lobo solitário”, disse à imprensa Chris Tang, ex-chefe de polícia que foi promovido a secretário de Segurança de Hong Kong.
Sem dar detalhes, Tang relatou que os policiais revistaram a casa do agressor e encontraram material em seu computador mostrava que ele havia se “radicalizado”.
“Não é apenas o atacante que deve ser responsabilizado por este incidente, mas também as muitas pessoas que costumam defender a violência, que incitam o ódio contra o país e idealizam esses ataques, esses atos violentos”, acrescentou Tang.
Hong Kong se tornou uma cidade polarizada, com muitos habitantes indignados com o governo cada vez mais autoritário de Pequim.
Multitudinárias e muitas vezes violentas manifestações a favor da democracia agitaram Hong Kong durante meses em 2019.
A China respondeu, reprimindo a dissidência, impondo uma lei de segurança nacional e processando ativistas pró-democracia. A polícia liderou essa repressão.
O ataque de quinta-feira ocorreu no final de um dia, no qual milhares de policiais foram enviados para Hong Kong para reprimir qualquer protesto, coincidindo com o aniversário da transferência da soberania, por parte do Reino Unido, para a China. Nesse mesmo dia, Pequim celebrava o centenário do Partido Comunista Chinês.
A polícia fez várias detenções.
Ao retornar das comemorações do centenário em Pequim, a chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, “condenou veementemente” o ataque ao policial.
“A polícia investigará o caso a fundo para ver se há alguma organização por trás disso”, disse ela à imprensa.
A China considera que sua lei de segurança nacional e a repressão são necessárias para restaurar a estabilidade.
Seus críticos, entre eles países ocidentais, afirmam que Pequim descumpriu sua promessa de permitir que Hong Kong mantivesse certas liberdades e autonomia após a devolução em 1997, sob o modelo “Um país, dois sistemas”.