Os juros futuros fecharam em alta expressiva nesta quarta-feira, 18, principalmente nos contratos de longo prazo, com as máximas da sessão tendo sido atingidas após a divulgação da ata do Federal Reserve, considerada “hawkish” (dura). Além disso, o investidor operou de olho na movimentação do governo em torno da aprovação da nova meta fiscal, o que também contribuiu para a manutenção de uma postura mais cautelosa.

Ao término da sessão regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 marcava 13,685%, ante 13,650% no ajuste de ontem. O DI janeiro de 2018 subiu de 12,75% para 12,86%. E, nos longos, o DI janeiro de 2019 fechou em 12,64%, de 12,48%, enquanto o DI janeiro de 2021 avançou para 12,62%, de 12,38%.

Na ata, os dirigentes do Fed disseram que uma alta dos juros em junho é possível, se os dados posteriores mostrarem uma economia melhor nos Estados Unidos, e buscaram contrabalançar as expectativas do mercado de que uma elevação nos juros na próxima reunião era improvável. “Alguns (dirigentes) estavam preocupados que os participantes do mercado pudessem não ter avaliado apropriadamente a probabilidade de uma alta na faixa dos juros na reunião de junho”, informou a ata.

“Os dirigentes foram bem explícitos em dar um chacoalhão no mercado”, afirmou Juliano Ferreira, estrategista-chefe da Icap Brasil. Atualmente, os Fed Funds estão na faixa entre 0,25% e 0,50%. Segundo levantamento do CME Group, as chances de aumento de juros na reunião que acontecerá nos dias 14 e 15 de junho, estimadas em 19% antes da ata, aumentaram para 34% após a divulgação.

Há o temor de que a elevação dos juros nos EUA reduza o fluxo de investimentos para as economias emergentes e, por isso, no Brasil tanto os juros futuros quanto o câmbio e a bolsa reagiram negativamente à ata.

O aumento dos prêmios na curva a termo também se justificou pelo compasso de espera das medidas no campo fiscal, que ainda não foram divulgadas. O governo corre contra o tempo para identificar o tamanho do rombo nas contas públicas. Os números que circulam na imprensa são cada vez mais pessimistas e há análises de que o déficit primário este ano pode chegar a R$ 160 bilhões. Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a nova meta fiscal para este ano, que tem de ser votada até o final do mês, só será divulgada no início da próxima semana.