CAMPEÕES Fabiano, do canil Jardim Imbui: raça Terrier Brasileiro faz sucesso em competições internacionais (Crédito:Chico Ferreira)

A Copa do Mundo está chegando. Eles vão correr atrás da bola, serão penalizados se não obedecerem as regras e terão de disputar os holofotes com outros astros concorrentes. Não, não estamos falando de Neymar e sua turma, mas dos competidores de quatro patas na maior competição de cães no mundo. Depois de 17 anos, a América do Sul voltará a sediar a World Dog Show: o evento, que acontece no final do ano, mesma época em que a Copa do Mundo de futebol, será realizado em São Paulo e reunirá cerca de cinco mil animais das mais diversas raças, de pequeno, médio e grande porte.

O World Dog Show ocorre anualmente desde 1971. Quase sempre acontecem na Europa, mas em 2022 será sediado aqui para celebrar uma data especial: o centenário da primeira exposição de cães no País. O Brasil é o país que mais registra cães no mundo, por meio da Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC). Só em 2021, foram registrados mais de 150 mil. É também o segundo maior do mundo em termos de população canina, com 35,7 milhões. Estima-se que 50% das famílias brasileiras têm ao menos um cão.”Os cães brasileiros estão todos os anos entre os melhores do mundo, em diversas categorias. Estamos alcançando um destaque mundial e essa exposição veio para imortalizar isso”, diz Fábio Amorim, presidente da CBKC.

Ainda falta um bom tempo para a competição, mas os criadores e treinadores dos grandes campeões já começaram a preparar seus craques. Thayana Andrade, 29 anos, é dona de um canil que cria Terrier Brasileiro, conhecido também como Fox Paulistinha, uma das três raças criadas no País reconhecidas pela Federação Cinológica Internacional (FCI). Os cães brasileiros foram os grandes astros do mundial do ano passado, ocorrido na República Tcheca. Ganharam prêmios em três categorias: melhor cão juvenil e adulto do mundo, além de ficar em terceiro lugar como melhor grupo de cães de raça.

“Os cães brasileiros estão todos os anos entre os melhores do mundo. Essa exposição veio para imortalizar isso” Fábio Amorim, presidente da CBKC (Crédito:Ruy Baron)

O nascimento de um “cãopeão”, com o perdão do trocadilho, não é uma tarefa simples. Começa com o cruzamento de dois cachorros adultos de alta pureza. Tanto o pai quanto a mãe precisam apresentar um padrão considerado perfeito para a raça. De uma ninhada com seis cachorros, em média, dois provavelmente vão nascer com padrões de competição perfeitos. Serão, então, mantidos pelo criador, enquanto os outros provavelmente vão ser vendidos como animais de estimação. “O cachorro precisa ser ativo. Não pode ser tímido, nem ter medo de multidões. Aliás, precisa gostar de barulho, além de adorar se exibir”, explica Thayana. Esses padrões, porém, mudam muito de acordo com a raça. O Fila Brasileiro precisa ter uma cabeça grande, pesada e maciça, sempre em harmonia com o tronco. Seu olhar precisa ser firme, determinado. As orelhas devem ser grandes, grossas e com o formato em “V”. É obrigatório que o tronco seja revestido de pele grossa e o tórax, mais longo que o abdômen. Quanto mais próximo desses padrões, mais pontos o cachorro adquire e mais chances ele terá de ganhar um troféu.

O animal participa de dois tipos de desfile, em linha reta e em círculos. O árbitro também avalia o cão parado: os cães de raças pequenas são colocados em uma mesa e devem permanecer na mesma posição por um longo período. “É um treinamento mais complicado, pois os cães normalmente não têm o costume de ficarem imóveis”, diz Savio Steele, pioneiro na criação de Basenji no Brasil e dono de um dos maiores canis da raça no mundo. “Quando fazem bons desfiles, como a Gisele Bündchen, ou ficam lindamente parados, como o David, de Michelangelo, eles ganham uma recompensa”. O treinamento tem dado certo: os Basenji de Savio já ganharam seis títulos mundiais. Se depender dos nossos craques, faremos bonito na próxima Copa do Mundo.